O menino conectivo

Se for pensar em alguém que tem muitas histórias para contar sobre Paulo Freire, certamente o antropólogo e professor, Carlos Rodrigues Brandão, será o primeiro a ser lembrado por sua incrível capacidade de produção e por ter vivido inesquecíveis momentos com Freire, entre sonhos e utopias para construir um mundo melhor.

Iniciou sua conversa com a turma do EGC contando que e o patrono da educação brasileira gostava de ser chamado de o ‘menino conectivo – o menino e o outro’.

Brandão é um estudioso incansável da vida e do mundo e acima de tudo, um produtivo escritor com inúmeras publicações, livros e conteúdos preciosos que, na maioria, registra um período fecundo e próspero em ideias na área de educação popular no Brasil e o mais importante, ele disponibiliza a maior parte desse material gratuitamente para deixar “voando nas nuvens”, como diz.

O encontro realizado pelos Estados Gerais da Cultura, do qual o escritor e pesquisador participou relatando suas experiências e o que significou para a educação popular as ideias do grande pensador Paulo Freire, foi agradável, uma boa prosa, com muita poesia e reflexões citadas por ele, considerando que 2021 celebra-se o ano do centenário de nascimento de Paulo Freire.

Depois de ouvir fatos sobre Paulo Freire, a conclusão é de que esse visionário que viveu para educação no Brasil, foi perseguido, exilado e torturado, era uma personalidade única, um homem com incrível sensibilidade na defesa dos “esfarrapados”.

Segundo Brandão, Paulo Freire tinha uma capacidade de ajuste e integração nos lugares por onde passava incorporando a cultura local, seja no Brasil ou no exílio. Quando se rastreia a vida do educador pernambucano, embora transformado em cidadão do mundo, é possível perceber a sua conexão com mundo a que vivia no momento.

Recife, na universidade atuando no serviço de extensão cultural com mais três pessoas, no exílio se integra no Instituto de Colonização e Cooperativas Agrárias e trabalha “chilenamente com chilenos” como afirma Brandão. Exilado para Genebra, cria o IDAC, inclusive com brasileiros. Volta ao Brasil, aqui imediatamente se integra na equipe de Secretaria da Educação, com a então prefeita Luiza Erundina. Pouco depois, cria o Instituto Paulo Freire, em São Paulo. Até partir, sempre pensou e agiu todo o tempo em equipe.

Carlos Rodrigues Brandão nos oferece inúmeros publicações para serem aproveitadas aos leitores do EGC. Tentaremos na sequência colocá-las com alguns comentários. Entre muitas publicações que disponibilizou, algumas estarão em PDF aqui, logo no final da matéria.

“Aos esfarrapados do mundo”
Em tempos em que entre nós – tanto militantes cristãos quanto marxistas – as categorias de ordem eram: povo, massa popular, classe, classe operária, proletariado, campesinato (eu mesmo empreguei muito essas palavras em meus primeiros livros sobre a educação popular), Paulo Freire dedicou o Pedagogia do Oprimido… “aos esfarrapados do mundo…”. Desde Educação como prática da Liberdade os seus sujeitos serão: “o homem”, “o povo”, “os oprimidos”, “os subalternos”.

Ação revolucionária, escrita a mão no original e esquecida na imprensa
Na página 322 de Pedagogia do Oprimido (o manuscrito) Paulo Freire traça dois desenhos, dois pequenos esquemas. A “Teoria da Ação Revolucionária” e a “Teoria da Ação Opressora”. Será uma das ocasiões em que a palavra “revolucionária” aparecerá em Pedagogia do Oprimido. Estes dois esquemas e mais os escritos textuais que os acompanham nunca aparecerão nas edições a seguir impressas como livros: primeiro em edição em inglês, depois em Espanhol e apenas mais tarde em Português.

Aqui temos o PDF dos textos completos de Carlos Rodrigues Brandão, Qual Paulo Freire, Que Educação – O Menino Que Lia o Mundo

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