“Sobre piolhos e outros afagos: educação para o bem-viver”

O coletivo dos Estados Gerais da Cultura terá como convidado no tradicional encontro dominical, o genial escritor de literatura infanto-juvenil, Daniel Munduruku, que é antes de tudo um importante ativista pelos direitos da causa indígena. Além de escritor, professor e filósofo, Daniel pertence a etnia Munduruku e se destaca por mostrar a importância em preservar a genuína ancestralidade brasileira por intermédio de seus livros publicados e premiados. Em sua maioria, transfere as histórias indígenas repassadas oralmente aos jovens e crianças nas aldeias para literatura.

Hoje com 57 anos é uma voz potente que se manifesta contra as injustiças e atitudes arbitrárias cometidas pelo atual governo aos povos da floresta. Se diz socialista por duas vezes: a primeira por nascença e a segunda por opção.

“Vivendo na periferia de Belém, no bairro da Sacramenta, Munduruku foi “uma criança feliz, aliás, como todas deveriam ser”, trepado em mangueiras em flor, que lhe forneciam deliciosos frutos, e divertindo-se com os pés cravados nos quintais da vizinhança. As memórias ruins surgem quando a escola dos brancos vem à recordação. Apesar de todos ali se parecerem com ele, Daniel foi apontado como “índio”, pelos coleguinhas, por ter vindo de uma aldeia de fora de Belém. No começo, não entendeu aquela palavra: “índio”. Tampouco as risadas dos meninos que compartilhavam com ele a pele bronze, os olhos puxados, os cabelos negros lisos. Não sabia o que era ser “índio”, costumava achar que era Não sabia o que era ser “índio”, costumava achar que era “gente” mesmo. Matutou, então, que “índio” era o nome de algum passarinho que ainda não conhecia, até entender que a piada de que todos riam era ele. Em seu livro “Memórias de índio: uma quase autobiografia” (Edelbra, 2016) existe um capítulo chamado “Nunca gostei de ser índio” que narra o pesado bullying e a discriminação racial de que Munduruku foi alvo na infância”. Fonte Fred di Giacomo

Daniel Munduruku (Belém, 28 de fevereiro de 1964) é um escritor e professor paraense, pertencente ao povo indígena Munduruku. Autor de 54 livros publicados por diversas editoras no Brasil e no exterior, a maioria classificados como literatura infanto-juvenil e paradidáticos. É Graduado em Filosofia, História e Psicologia. Tem Mestrado e Doutorado em Educação pela USP – Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.

Já recebeu vários prêmios nacionais e internacionais por sua obra literária: Prêmio Jabuti CBL – Câmara Brasileira Do Livro, Prêmio da Academia Brasileira de Letras – ABL, Prêmio Érico Vanucci Mendes – CNPq, Prêmio Madanjeet Singh para a Promoção da Tolerância e da Não Violência – UNESCO, Prêmio da Fundação Bunge pelo conjunto de sua obra e atuação cultural, em 2018, entre outros. Muitos de seus livros receberam selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ. Ativista engajado no Movimento Indígena Brasileiro, reside em Lorena, interior de São Paulo, desde 1987. Cidade onde é Diretor-Presidente da ONG e selo editorial Instituto Uka – Casa dos Saberes Ancestrais, também é membro-fundador da Academia de Letras de Lorena. Atualmente Daniel administra uma livraria online especializada em livros de autores indígenas e promove há 17 anos, o Encontro de Escritores e Artistas Indígenas no Rio de Janeiro em parceria com a FNLIJ.

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