Lucidez não ocorre sem conflito

Padre Julio Lancellotti e o Pastor Henrique Vieira estarão juntos num debate imperdível sobre como é difícil humanizar a vida numa sociedade que perdeu-se num total individualismo. A ação representa o sentido do trabalho social realizado pelos dois religiosos.

Sobretudo do Padre Lancellotti com a população em situação de rua de São Paulo. Por realizar um ato de compaixão, amor ao próximo, é criticado por alguns setores da sociedade.

Sua rotina diária começa com uma missa todos os dias na Igreja São Miguel Arcanjo, da qual é pároco. Ali, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo, mantém há 35 anos um compromisso constante com a população em situação de vulnerabilidade. Costumava servir um café da manhã na própria igreja para cerca de 200 pessoas. Veio a pandemia e o número praticamente triplicou. As atividades tiveram de ser transferidas, com o aval da Prefeitura, para o centro comunitário a algumas quadras dali. “Eu não trabalho com morador de rua. Eu convivo com eles. Porque trabalhar parece que são objetos. É preciso olhar para a vida de forma humana. Isso não é tarefa só para os religiosos. Mas eu não conseguiria viver a dimensão religiosa sem humanizar a vida”, explica. Fonte: El Pais

O jovem pastor Henrique Vieira é ator e pastor da Igreja Batista do Caminho, e surge na contramão do conservadorismo evangélico que assola o país atualmente. “O Evangelho provoca a solidariedade, não pode suscitar ódio e intolerância. Isso é contrário aos ensinamentos de Jesus.” , disse ele numa entrevista ao Diário de Pernambuco.

“O teólogo é bisneto de evangélicos e teve a infância construída sobre o tradicionalismo e os preceitos religiosos. A trajetória de Jesus se transformou na sua inspiração, e a leitura do Evangelho ganhou, a partir de sua tradução, dispositivos para a promoção da paz. Aos 16 anos, foi diagnosticado com neurite óptica, uma inflamação que atingiu nervos dos dois olhos. A possibilidade de perder a visão fez Vieira passear por centenas de questionamentos, desaguando no sentimento de desamparo e de solidão do ser humano, que despertou o olhar sobre as classes mais marginalizadas da sociedade”.