Janine Mathias

Foto: Renato Nascimento

Para romper barreiras e preconceito ao lado de Zezé Motta não poderia deixar de estar presente a cantora, Janine Mathias, também com a força de sua negritude. Brasilense radicada, desde 2009, em Curitiba onde começou profissionalmente seu trabalho.

Cantora e compositora em 2009 gravou o refrão de RAP que mudou a sua vida e lhe rendeu o “EP Eu Quero Mergulhar” lançado em 2012 pela Track Cheio em Curitiba. O trabalho inseriu a cantora em participações e shows, em 2011 idealizou, atuou e cantou em uma Homenagem para Elza Soares que lhe rendeu em 2013 a abertura do show de sua musa inspiradora.

foto: Renato Nascimento

Idealizou em 2014 o projeto itinerante O Samba da Nega onde a cantora faz do samba sua celebração e resgate ancestral unindo artistas em cada edição fortalecendo sua história. Em 2018 lançou seu primeiro disco com apoio colaborativo intitulado: “Dendê” com produção musical de Eduardo Brechó e Renato Parmi o disco desenha o retrato da Música Preta Brasileira contemporânea e tem destacado nacionalmente seu trabalho. 

Janine Mathias, nascida na periferia do Distrito Federal, tem em seu histórico o Rap como lugar de fala e expressão de seu caminhar. Dendê é o resultado dessa vivência intensa com a ancestralidade e os ritmos advindos do samba, hip hop e da música negra em geral.

Em suas parcerias de vida Janine Mathias se encontra com: Karol Conka, Pianista Rodrigo Henrique, As Bahias e a Cozinha Mineira, Iria Braga, Sandra de Sá, Cida Airam, Criolo, Tássia Reis,Preta Rara, Leen da Quebrada, Os Encantados, DJ Caê, Rodrigo Marques, Rúbia Divino, Karla da Silva, Mãe Orminda, Bernardo Bravo, Rincon Sapiência, Iria Braga, Michele Mara, Bia Ferreira, Luedji Luna, Mulamba, Léo Fé, Paranambuco, Akua Naru, Jonas Ferrer, Toninho Gerais, Samba Do Compositor Paranaense, Elza Soares, Dow Raiz, Tuyo, DJ Marco, DJ Vivian Marques, Val Andrade, DJ Nyac, DJ Donna,DJ Morenno, Comando Selva, Flora Matos, Afrorraga, Antiéticos e tantos caminhos que a fazem ser reconhecida pela sua versatilidade musical que segue temperando mundos com show Dendê no formato banda e DJ enaltecendo a música negra.

Zezé Motta: rompendo barreiras e preconceitos

Zezé Motta é atriz e cantora consagrada e notável representante da cultura afro-brasileira. Presença marcante nos palcos e nas telas, envolve o público por sua energia de vida e interpretação como verdadeira Diva. Com mais de 50 anos de carreira artística entre o cinema, TV, teatro e música, Zezé irá falar 28o. Encontro dos Estados Gerais da Cultura sobre o que foi a base de toda a sua trajetória de vida, a luta contra o racismo, a força de sua negritude e o preconceito em todos os níveis, sobretudo o religioso.

A Umbanda, Candomblé e Religiões de matrizes africanas são as que mais sofrem intolerância. Em 54 anos de carreira fui escolhida inúmeras vezes para viver personagens fortes, mães de santo, mulheres guerreiras e com uma tremenda sabedoria. Foram papéis marcantes na minha carreira, como por exemplo a Mãe Ricardina, em Porto dos Milagres, na Globo, em 2001. Uma mãe de santo venerada e consultada pelo povo do cais. Foram mais de 7 personagens como mãe de santo que vivi seja no cinema ou na televisão.

Eu sou Oxum-Apará, filha de Oxum com Iansã. Mas a minha ligação com candomblé começou depois. A minha primeira religião foi o kardecismo por causa do colégio interno. Em casa, a minha mãe era da umbanda e meu pai, kardecista. Na minissérie Mãe de Santo, representei uma ialorixá. Foi um mergulho interno, um reaprendizado das minhas crenças. Sempre senti necessidade de estar ligada a alguma religião. Quando saí do internato, aos 12 anos, quis fazer primeira comunhão porque todas as minhas amigas estavam fazendo. Comecei a frequentar a Igreja Católica, entrei para o catecismo, mas, no meio do caminho, desisti. Me grilei com essa história de céu e inferno. Achei aquilo tão esquisito! Preferi ficar com a ideia de reencarnação do espiritismo. A diferença das religiões está na interpretação da Bíblia. Anos depois, por intermédio da Lélia Gonzalez e do curso de cultura negra, descobri o candomblé”. Fonte: blogdazezé