Carta do Coletivo Estados Gerais da Cultura ao Povo Brasileiro

GTO- Geraldo Teles de Oliveira( 1913-2006) foto de Ana Cristina Campos

Por que SOMOS “ESTADOS GERAIS DA CULTURA”? Porque estamos juntos  daqueles  que defendem a liberdade e a pluralidade da criação cultural brasileira nas suas diversas manifestações artísticas. Propomos que nossa participação nesta campanha eleitoral municipal de 2020, seja pautada pelo compromisso de eleitores  e candidatos em defesa de nossa Cultura que é a nossa  Identidade como brasileiros. 

Este legado  Cultural Nacional está ameaçado pelo atual processo político de desmonte e desconstrução de conquistas que fazem a beleza e a criatividade de nosso povo .

Um país não se limita às suas fronteiras físicas e geográficas. Ele é o seu povo. E o que caracteriza o povo é a sua cultura.  Somos milhões de trabalhadores da cultura paralisados, dispersos ou desempregados. O governo flerta com o totalitarismo e nos intimida com o poder miliciano. 

Estamos vivendo uma das maiores crises sanitárias de todos os tempos. Pandemia trágica para milhares de famílias brasileiras, em especial para as mais humildes, completamente abandonadas pelo poder central.  

Recolhidos em nossas casas, velhos e novos filmes, músicas, atividades artísticas nos fazem companhia nessa solidão imposta pela pandemia. Nesse momento as pessoas percebem a importância da arte em suas vidas.  

Queremos um mundo em que o Estado seja voltado para o bem-estar de seus cidadãos e cidadãs, ou que seja voltado para facilitar a acumulação de bens de uns poucos milionários?  Que futuro queremos no mundo que emergirá da pós-pandemia? Um mundo solidário em que a centralidade seja o ser humano e a natureza ou continuaremos reféns do cassino financeiro?  

O futuro é nosso, cabe a nós decidir.  A extinção do Ministério da Cultura é a tentativa de destruir nosso processo civilizatório nos trópicos para fragilizar nossa identidade como nação. A reconstrução do Ministério da Cultura é apenas um primeiro passo necessário para o restabelecimento da nossa unidade como agentes culturais.

Hoje assistimos ao desmantelamento da Cinemateca Brasileira, da Casa de Rui Barbosa, da FUNARTE e da ANCINE, entre outros. Este setor que gera arte, cultura ,civilidade e entretenimento, além de dividendos para o país , encontra no Ministério da Economia ultra-neoliberal o desprezo pela indústria criativa como um setor altamente rentável, que gera recursos e prestígio internacional para o Brasil. 

Portanto, esta  Carta do Estados Gerais da Cultura tem como objetivo colocar no mesmo espaço, de forma espontânea, pessoas das mais diversas áreas de atuação do conhecimento  interessadas no avanço rumo a um futuro de bem-estar social para todos. Um espaço que quer agregar  e abrir caminho aos mais diversos trabalhadores  do campo artístico cultural.

Convocamos todos a serem protagonistas da própria História, através de seus meios de expressão e ação. Utilizemos como instrumento de conscientização, luta e fortalecimento, tudo o que as ferramentas tecnológicas permitam, respeitando as nossas tradições e nosso patrimônio étnico- cultural.

Como disse o jornalista italiano Walter Veltrone, o passado é confortável, mas o único lugar que nos abrigará é o futuro. Estados Gerais da Cultura é um movimento coletivo, autônomo e independente, para atuar na construção desse futuro, somos os verdadeiros protagonistas da nossa História.   Com arte, ciência e paciência construiremos um mundo melhor.  

Texto: Ana Cristina Campos e integrantes do coletivo.

*Pensata lida por Ana Cristina Campos no encontro sobre A Cultura nas mãos de mulheres

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