“Loucura não se prende. Saúde não se vende. Quem está doente é o sistema social”.

Cultura é o fundamento não é adereço para você se divertir. É o que nós somos, é como nós nos comportamos. Cultura é o fundamento de qualquer organização social e da sua economia.

Então… achar que isso é besteira!

A parte mais cultural da cultura, que são as artes, frequentemente é feita pelos loucos. Aqueles malucos desviantes. Espírito do seu tempo, que conseguem colocar numa peça de teatro, numa música, em que a gente ouve e vê e pode dizer:

Ahhhh….. é isso! Entendi o que penso e organizei a minha visão de mundo. Agora posso agir melhor pela cultura.

Mas, fiquei muito feliz em apresentar este encontro de hoje: A cena é cura, discutindo uma montagem de Hamlet e o conceito de loucura pelo queridíssimo Vitor Pordeus.

Vou puxar aqui dona Nise da Silveira:

“Loucura não se prende. Saúde não se vende. Quem está doente é o sistema social”.

Para embasar o meu depoimento: Loucura e teatro, cena é cura, me encaixo perfeitamente aí. Me formei psicólogo. Costumo dizer que me regenerei há mais de 40 anos. Mas entrei na faculdade exatamente depois do AI5. O país estava uma loucura e todos os professores interessantes da Universidade tinham sido expulsos, presos, exilados e um bando de medíocres brigando pelo poder.

E a gente ali, no meio daquela loucura querendo trabalhar o conhecimento. Lembro que estava em plena efervescia de um movimento que questionava a ideia de loucura.

Loucura por que?

É desviante do normal?

Então, existia uma batalha do humanismo contra a loucura, eu estudando psicologia, mas fazia teatro também. Um belo dia percebi que no teatro experimentava e aprendia coisas que na faculdade só ouvia falar, pois só estudava teoria. E aí tive a lucidez de fugir deste mundo maluco que fica procurando cura para a loucura e pude embarcar no mundo sadio do teatro, me salvou de mim mesmo e me transformou numa pessoa útil e produtiva.

A cena é cura, baseada numa montagem de Hamlet, que tem frases ícones:

“Há algo de podre no reino da Dinamarca”.

“Ser ou não ser, o resto é silêncio.”

Eu imagino, mais do que uma cura terapêutica, da qual eu não acredito e o Vitor acha também desnecessária, essa manifestação possa ser uma sacudida na cabeça dos idiotas da objetividade, que ainda acham que os fundamentos de uma nação é a sua economia e não a cultura!

Eduardo Tornaghi

Pensata apresenta para reflexão no vigésimo segundo encontro: Hamlet, a cena é cura. Assista aqui e confira a genialidade de Vítor Pordeus.

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