Memória como bússola/ Poema Mário Lago

Para que serve a utopia? Para caminhar, respondeu Eduardo  Galeano. 

Abrigamos o passado em nossa memória — lembramos do que  queremos guardar. Que a memória nos sirva de bússola que nos oriente no caminho certeiro rumo ao  futuro e nos sirva como âncora.

Nos abrigue em Porto Seguro nos momentos de tormenta. O futuro representa uma busca  incessante e permanente. Este é o 17 encontro dos Estados Gerais da Cultura e hoje ouviremos o professor  e líder  comunista Mauro Iasi. Professor recém aposentado da UFRJ, mas comunista sempre, que nos falara sobre “Ser Comunista  em 2020”.

Para saudá-lo um poema de um comunista: Mário Lago ( alguns trechos)

O povo escreve a história nas paredes

Noite pesada… de tristeza imensa.
Noite de lágrimas e de descrença.
Noite de mil perguntas doloridas.
Noite de angústia pra milhões de vidas.(..)

E agora, meu companheiro?
Companheira, que fazer?
Fecharam nosso Partido…
Que mais vai acontecer?
E agora, meu companheiro?
Companheira, que fazer?

E agora, meu companheiro?
Como iremos escutar
palavras que indicam rumo
se ninguém pode falar? (…)

Fecharam a boca do povo,
Que mais vai acontecer?
Cortaram os braços do povo.
Que mais vai acontecer?
Quem mais vai defender o povo
Quando o mais acontecer? (..)

Outra noite pesada… de tristeza
imensa.
Outra noite de lágrimas e de
descrença,
Eles voltaram pras ruas,
delírio verde nos lábios,
delírio pardo nas almas,
delírio negro nas mãos.
E encheram de gritos as ruas,
porque o povo deixou as ruas
quando eles vieram pras ruas,
delírio verde nos lábios,
delírio pardo nas almas,
delírio negro nas mãos
ânsia de sangue na boca,
nos gestos, no coração.Cassação! Cassação!

Cassação! ção-ção!
Cassação! Cassação!
Cassação! ção-ção! (…)

Me dá tua mão, companheiro.
Companheira, me dá a mão.
Me dá tua mão,
meu irmão.
Responderei às perguntas,
perguntas que tens nos lábios;
nos olhos, no coração.(…)

Fecharam nosso Partido,
que é o partido do povo?
Cassaram nossos mandatos,
que são mandatos do povo?
Que importa, meu companheiro?
O povo, não morre, é eterno.
Passam os traidores do povo,
O povo não passa não.

Fecharam nosso Partido?
Cassaram nossos mandatos?
Se amanhã, desesperados,
fecharem nossos jornais?
Que importa? Que importa, irmão?
O povo sabe os caminhos
pra enfrentar a reação.

Não existem linotipos?
Não existem rotativas?
Que importa, meu companheiro?
Há sempre uma mão altiva
pegando um giz ou pincel.
E há muros pela cidade
se nos negarem papel.(..)

Fecham partidos? Pra frente!
Cassam mandatos? Pra frente!
Fecham jornais? Para frente!
Há muros onde escrevermos
a história de nossas fomes,
a história de nossas sedes.
Para a frente! Para a frente! (,…)

O povo escreve a história
nas paredes!

Pensata para reflexão durante o encontro com Mauro Iasi, cujo tema foi “Ser comunista nos dias de hoje”

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