Meu Lugar de Fala é o Mundo

*Imagem – Museu do Amanhã – Rio de Janeiro. Foto Mari Weigert

Quero viver num mundo multicolorido,plural. A única raça que reconheço entre nós,seres da nossa espécie, é a raça humana; quero viver num mundo  onde coexistam todas as cores, etnias,línguas,hábitos,religiões,gêneros, sem discriminações ou preconceitos de nenhuma espécie.

Posso ser um sonhador, mas o mundo da racionalidade já demonstrou suas limitações. Hoje temos dois lugares onde podemos nos refugiar das perversidades que nos assolam: num mundo futuro ou no mundo dos sonhos. Se a realidade que nos cerca é violenta, brutal, perversa, desumana, sonhemos. Tratemos de construir um mundo novo onde todos possamos coexistir fazendo das nossas diferenças espaço de troca e fraternidade.

No filme ” A Idade da Terra”, Glauber Rocha disse “benditos os loucos porque eles que herdarão a razão”. E o Poeta e ator Eduardo Tornaghi adora citar Oswald de Andrade, que traduziu a sabedoria popular brasileira  com a frase “A Alegria é a Prova dos Nove”.

 Esse é o caminho deste nosso caminhar: tatear  a terra em busca do mundo futuro.

Pacha Mama está furiosa. Tudo que fizemos com os outros animais transformados em estolas, calçados, caçados pelo prazer de matar, as árvores abatidas, os rios assoreados, agora nos está sendo cobrado, numa guerra trágica e sábia onde só os humanos são atingidos por um violento vírus que só atinge a espécie humana.

Não que não tenhamos sido avisados pela gripe suína, pela vassoura do cacau, a peste aviária, a vaca louca, do que a natureza tudo pode. Tsunamis, furacões, maremotos vieram antes da Covid.

A perversidade humana inventou a bomba de nêutrons capaz de tirar a vida deixando o patrimônio intocado. Uma forma perversa de destruir a natureza viva para facilitar o saque e pilhagem.

Pacha Mama inventou um vírus mortal capaz de matar os humanos e preservar as outras formas de vidas. Misturou titica de morcego com suor de pingolins confinados para serem servirem de iguarias gastronômicas e atingiu toda a civilização, não poupando ninguém.

Acreditamos na eficácia da química para nos salvar das desgraças que provocamos. Fragilizados prometemos sairmos mais generosos, menos egoístas, menos consumistas desta pandemia. Ao menor sinal de arrefecimento do contágio,voltamos a ser os mesmos,descartando máscaras e dejetos hospitalares sem o menor cuidado para não contaminarmos o outro. Pacha Mama está de olho.

O mundo das artes e da Cultura existe para discutir o mundo em que vivemos. Façamos destes Estados Gerais da Cultura território onírico nossa válvula de escape.

Os Estados Gerais Da Cultura abrem essa discussão voltada para um futuro igualitário,sem privilégios de fala ou hierarquias étnicas ou de gêneros. Todos juntos e iguais, rumo ao futuro na construção de um mundo de paz, melhor para todos.

Silvio Tendler

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