Jango -Como, Quando e Por que se derruba um presidente

O momento político é apropriado e oportuno para debater sobre o ‘filme Jango’, que está na pauta do Cineclube Muiraquitã, para esta terça-feira às 19:30, num encontro online pelos canais do Youtube da Rádio Navarro e dos Estados Gerais da Cultura. Assistí-lo é fundamental para entender a história política brasileira e como se processa nos bastidores um golpe de Estado. Jango é um dos documentários mais emblemáticos dos filmes já produzidos por Silvio Tendler. Não deixe de assistí-lo (clique aqui.), antes de participar do debate.

Duas semanas antes de morrer em 21 de junho de 2004, no Rio, aos 82 anos, Leonel Brizola chamou Denize Goulart, filha do presidente João Goulart, para lhe pedir perdão por ter insistido com o presidente deposto, em 1964, para que resistisse ao golpe militar. ‘Resistir teria sido um erro e, hoje, reconheço que Jango tinha razão’, disse Brizola à sobrinha.

Jango e Brizola não se falaram durante 12 anos e a filha de Jango revelou a conversa pela primeira vez em público durante o debate virtual do Cineclube Macunaíma da ABI, em fevereiro de 2021.O fato aconteceu após a apresentação do documentário Jango, do cineasta Silvio Tendler, que rodou também um filme sobre Brizola.

Jango volta a ser exibido on line no Cineclube Muiraquitã, 54 anos após o decreto do AI-5 nessa data. O filme foi lançado em 1984, tem 117 minutos e mostra a trajetória política de João Goulart, o 24º presidente brasileiro, deposto por um golpe militar nas primeiras horas de 1º de abril de 1964.

Goulart era popularmente chamado de “Jango”, daí o título do filme, lançado exatos vinte anos após o golpe, em 1984. A reconstituição da trajetória de Goulart é feita através da utilização de imagens de época e de entrevistas com importantes personalidades políticas como Afonso Arinos, Leonel Brizola, Celso Furtado, Frei Betto e Magalhães Pinto, entre outros.

Foi também exibido em 1984 na Campanha das Diretas que resgatou a imagem de Jango, mostrando-o como um político hábil e que tomou a atitude certa ao deixar o cargo, exilando-se no Uruguai com a família. Às 19h30, haverá o debate sobre o filme com a participação do diretor Silvio Tendler que sente muita falta do ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel Brizola, mas acredita que o presidente deposto estava certo ao evitar um “banho de sangue” no país. Participam ainda o político João Vicente Goulart, filho de Jango; a socióloga Bárbara Goulart, neta do ex-presidente; Denize Goulart, mãe de Bárbara e filha de Jango; e o jornalista e escritor Cid Benjamin que será o mediador.

Debatedores

Debatedores Silvio Tendler – é o cineasta com mais de 300 documentários em seu currículo e, além de Jango, filmou, entre eles, JK, Tancredo e seu último filme é sobre o SUS durante a pandemia: A saúde tem cura.. Silvio pertence também à Academia Carioca de Letras e, este mês, fez seu depoimento para a posteridade no Museu da Imagem e do Som.

João Vicente Goulart – é político e filósofo e foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista, ao lado do seu tio Leonel Brizola. É fundador e atual presidente do Instituto João Goulart, que tem objetivo voltado para a pesquisa histórica e à reflexão sobre o processo político brasileiro em prol da soberania nacional. Exerceu um mandato de deputado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 1982, pelo PDT e fez oposição quando o governo do Distrito Federal barrou a construção do Memorial da Liberdade e Democracia Presidente João Goulart.

Bárbara Goulart – é doutora em Sociologia pela UFRJ e na École des Hautes Études de Paris, mestre e bacharel em Ciências Sociais pelo CPDOC da Fundação Getúlio Vargas e pesquisadora de pós-doutorado no IESP da UERJ. Sua tese de doutorado “O passado em Disputa: Memórias Políticas sobre João Goulart” foi publicada em livro este ano pela Editora 7 Letras. Bárbara também foi co-diretora e co-roteirista do documentário “Terra Revolta: João Pinheiro Neto e a Reforma Agrária” que será lançado no próximo ano.

Denize Goulart – é historiadora formada pela PUC/RJ e também dirige o Instituto João Goulart que difunde a memória de Jango, o único presidente brasileiro a morrer no exílio. Denize também dirigiu o filme Dossiê Jango e produziu Jango.

Cid Benjamin – é jornalista e escritor e em seu livro Gracias a la vida conta o sequestro do embaixador norte-americano Burke Elbrick, em 1969, do qual participou, além de sua prisão, tortura, exílio e volta ao Brasil. É ainda autor de outros livros e, entre eles, O ovo da Serpente: a Ameaça Neofascista no Brasil de Bolsonaro.