“Eles não usam Black-tie” no Cineclube MuiraquitÃ

O bate papo no Cineclube Muiraquitã desta terça-feira, às 19:30, será sobre um filme brasileiro que marcou época na década de 80 e foi destaque no Festival de Veneza, além de ter conquistado outros prêmios internacionais. “Eles não usam Black-tie”, de Leon Hirszman, baseado na peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, aborda os conflitos, contradições e anseios da classe trabalhadora no final dos anos 1970, no período da ditadura militar no país. O cineasta Silvio Tendler, a atriz Bete Mendes, que participou do filme, e a crítica de arte Maria Hirszman, filha do diretor, são os convidados para o debate que será mediado pelo jornalista e escritor Cid Benjamin. O encontro realizado nos canais do EGC e da Rádio Navarro, no Youtube.

O ator já falecido Gianfrancesco Guarnieri é um pai, militante e corajoso, que entra em conflito com o filho (Carlos Alberto Riccelli), dividido entre suas aspirações por uma vida pequeno-burguesa ao lado da noiva Maria (Bete Mendes) e as exigências do movimento grevista. Guarnieri compôs com Fernanda Montenegro o casal que proporcionou um dos momentos de maior expressividade do cinema: a cena em que ambos, desolados por causa da ruptura com o filho e pela morte do amigo Bráulio (Milton Gonçalves) se põem a catar feijão. Clique para assistir o filme a partir das 10 horas desta terça feira (15).

FILME E CINEASTA

O Muiraquitã, criado pelo cineasta Silvio Tendler, tem apoio do Estados Gerais da Cultura, da Rádio Navarro e dos jornalistas Zezé Sack, Vera Perfeito, Antero Cunha, Humberto Navarra, Marcus Miranda, Janine Malansky, Moema Coelho, Andrea Penna e Cid Benjamin.

Leon Hirszman foi um dos principais expoentes do movimento Cinema Novo. Militante do Partido Comunista Brasileiro, sua obra é marcada pela influência de teses marxistas centrais nos debates políticos da América Latina e pela representação politizada da classe trabalhadora, caso do filme em debate.

Fez dezenas de outros filmes importantes como o longa de ficção A Falecida, uma adaptação de Nelson Rodrigues, sobre a alienação das classes populares, um de seus temas preferidos. Realizou também “S. Bernardo”, baseado na história homônima de Graciliano Ramos e “O ABC da Greve”, sobre o movimento operário da região do ABC paulista.

E, em 1981, recebeu a consagração por três prêmios no Festival de Veneza, sendo também indicado ao Leão de Ouro, com o filme “Eles não usam black-tie”, “Eles não usam black-tie”. Recebeu outros importantes troféus como: Grande Prêmio Coral Negro no 3º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, em 1981; Grande Prêmio do Festival dos Três Continentes e Espiga de Ouro do Festival Internacional de Vallodolid, também em 1981, além do Prêmio Air France de 1982.

O cineasta teve um papel extremamente importante na afirmação do cinema brasileiro e deixou vários textos onde se pode ler reflexões sobre as condições da produção cinematográfica no Brasil, o mercado nacional e sua respectiva legislação de proteção, a Embrafilme, as correntes de criação cinematográfica e o cinema político. Leon morreu em 1987, aos 50 anos, deixando três filhos: Irma, João Pedro e Maria.

Do debate participam o cineasta Silvio Tendler com mais de 300 documentários em seu currículo. Entre eles, Jango, JK e Saúde tem cura.

Maria Hirszman é repórter, crítica de artes plásticas e cuida da obra cinematográfica de seu pai, Leon Hirszman.

Bete Mendes, atriz do filme e de diversas novelas é também ex-deputada federal que lutou contra a ditadura, foi presa e torturada pelo coronel Brilhante Ustra a quem acusou publicamente durante uma visita ao Uruguai onde ele era adido militar. Foi ainda uma das fundadoras do PT e dirigiu diversos órgãos culturais no Rio e em São Paulo.

Cid Benjamin é jornalista, professor e escritor, tendo diversos livros em seu currículo e, entre eles, Gracias a la vida, onde conta sua passagem pelo MR-8, a prisão, a tortura, o exílio e a volta ao Rio. Cid foi também vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

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