Uma pausa para reformular

Nascemos para confrontar um governo terraplanista. Nossa bandeira era a recriação do Ministério da Cultura, talvez o menor dos ministérios em termos de custo para a Nação, menos de 1% do orçamento geral, mas que rende bilhões em percentual, considerando a criação artística, a formação dos jovens e mesmo emprego e renda. Doce de leite e usufruto da vida não se fala.Vivemos uma era tão financeirizada que para justificar o apoio às atividades artísticas e culturais são obrigados a justificá -las como “economia criativa”.

Formamos uma trupe ampla, plural e abarcativa. Livres em suas militâncias individuais, plurais na prática das inquietações temáticas. Começamos discutindo entre nós, nosso destino coletivo, fomos para o Artigo 5º da Constituição e  caminhamos pelo Brasil afora mapeando nossa riqueza Cultural como saltimbancos enfrentando o dragão da maldade, que em sua fúria assassina ceifou mais de 600 mil vidas . No reinado de Caronte somos os arquitetos de um novo projeto de desenvolvimento.Estamos no momento de darmos uma parada, um freio de arrumação. Semana passada, anunciamos. Hoje agradecemos a todos os que de alguma forma participam dos Estados Gerais da Cultura, os que nos emocionaram e se emocionaram conosco, nossa gratidão. 

Os historiadores não trabalham com o acaso na história, nem com destino mas quis o destino que encerrássemos a primeira fase dos  Estados Gerais no dia do Saci, essa  emblemática figura da cultura  brasileira, símbolo da nossa Escola  Supeior de Paz e, não por acaso temos entre nós um dos maiores especialista em Saci que  quando o convidamos para a palestra de encerramento estava organizando sua coleção de Sacis.Hoje nosso Bon Meihy poderá falar sobre tudo isso. Se esse acaso não terá sido mais uma que o Saci aprontou com ele? Não reconstruímos Ministério da Cultura mas com humor e alegria estamos ajudando a construir uma outra sociedade, fiéis a nossa ideia de que “Com Arte, Ciência e Paciência, Mudaremos o Mundo”.

texto: Silvio Tendler

Pensata lida no encontro ‘Somos Todos Saci’ por Eduardo Tornaghi

Emocionante encontro de gerações

No encontro Re-Acordar, o coletivo Estados Gerais da Cultura nos proporcionou uma verdadeira viagem no tempo. Tivemos a oportunidade de reconectar com os anos 60, que foram tão ricos culturalmente, e tão tristes politicamente. Foi emocionante reencontrar pessoas tão queridas que sacudiram o ambiente teatral daquela época e que agora retornam trazendo uma releitura do “Coronel de Macambira”, 50 anos depois. O TUCA carioca, representado por Amir Haddad e mais nove integrantes deu uma prévia maravilhosa do que será o espetáculo, que deverá estrear nos próximos dias.

Fomos também premiados com a apresentação musical de Marina Lufti e João Gurgel, cantando o inesquecível Sergio Ricardo. Uma tarde profundamente emotiva e também arrebatadora. Para os que viveram os turbulentos anos 60, o programa de ontem dos EGC ofereceu a chance de reviver os sentimentos, as experiências, os afetos. Para a geração pós 68, ofereceu a oportunidade de sentir a mesma emoção.

Obrigada Grupo TUCA, obrigada Marina e João, nossa luta continua!

Comentário de Ana Maria Nogueira sobre o 44o. Encontro dos Estados Gerais da Cultura. Re-Acordar conta a história dos integrantes do elenco, desde seu primeiro encontro até os dias de hoje. Travessia de mais de 50 anos: os anos de ditadura, prisão, exílio, viver no Brasil, e de como, através dessas vivências, chegamos ao hoje. 

Ana Maria Nogueira é integrante do coletivo Estados Gerais da Cultura, Historiadora, professora aposentada do ensino público