A Bolsa ou a Vida

A Bolsa ou a Vida é o novo filme de Silvio Tendler realizado durante a pandemia, com depoimentos de diversas personalidades de dentro e de fora do país. É uma provocação e antes de tudo uma reflexão sobre o caminho a seguir. Qual é o futuro que desejamos contruir?

Um debate sobre o filme será realizado pelos Estados Gerais da Cultura neste domingo (15), com a participação do Padre Julio Lancelotti e Eduarda Alberto. A Bolsa ou a Vida estará em pré-estréia a partir de 13 de agosto (sexta-feira) no Festival Internacional Ecofalante.

Link no youtube:

Convidamos e recomendamos a todos que assistam ao filme antes de nosso encontro de domingo, disponível online gratuitamente na plataforma do Ecofalante a partir do dia 13/08 e em horários programados conforme o link abaixo:

https://ecofalante.org.br/filme/a-bolsa-ou-a-

Em 50 anos de carreira, Silvio Tendler lançou mais de 80 longas, médias e curtas-metragens com forte viés histórico, social e político. Acumula as três maiores bilheterias do cinema documentário brasileiro e foi premiado em importantes festivais nacionais e internacionais.

Eduarda (Duda) Alberto é militante periférica, estudante de arquitetura na UFRJ, pesquisadora em tecnologia da construção e trabalhadora polivalente. Durante o trabalho precarizado na pandemia, procurou entregadores/as para construir a cooperativa Despatronados. Se uniu à luta política em 2013, quando conheceu a resistência da Aldeia Maracanã e outras ocupações urbanas.

Padre Julio é pároco na Igreja São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo, onde mantém há 35 anos um compromisso constante com a população em situação de vulnerabilidade e realiza um trabalho pastoral de grande coragem e afetuosidade.

Nos ajudem a divulgar o evento, não deixem de assistir ao filme e nos vemos neste domingo, às 17h, nos Estados Gerais da Cultura!

Portinari e os Direitos Humanos

Artes plásticas e seu importante papel na sociedade ganham destaque na pauta dos Estados Gerais da Cultura deste domingo. A escolha por Cândido Portinari, um dos mais expressivos nomes do modernismo brasileiro, não foi por menos. Portinari foi o artista que mais deu força a temática social e retratou o homem, o trabalhador, o Brasil sofrido em suas telas.

Nada mais justo e relevante do que convidar o próprio filho, João Cândido Portinari para contar sobre as obras de seu pai e a catalogação que vem fazendo, como também um pouco sobre a luta de mais de 20 anos para tornar realidade um sonho: transformar a casa, onde viveu Cândido Portinari no Cosme Velho, Rio Janeiro, num centro de arte, cultura e educação e evitar que o imóvel desapareça pela especulação imobiliária.

Cana-de-açúcar – 1938
Retirantes – 1944

Durante o debate, a artista plástica Ester Fabiana Sterenberg estará pintando uma tela e o violeiro Julio Santin fará a apresentação musical. Um encontro imperdível para os amantes da arte e da cultura, considerando também a programação de rotina, que prevê a abertura feita pelo cineasta Silvio Tendler e a leitura de uma Pensata, um texto reflexão sobre um assunto da atualidade na voz do ator Eduardo Tornaghi.

Portinari

Cândido Portinari foi pintor, gravador, ilustrador e professor. Um dos mais importantes nome do modernismo brasileiro, reconhecido internacionalmente. O estilo de época que se denominou modernismo surgiu no início do século XX, num período de grande tensão entre as potências européias, que culminou nas duas grandes guerras mundiais e foi transgressor, antiacadêmico e nacionalista. Teve algumas fases e fez história na literatura, nas artes e na ciência.

Portinari nasceu em Brodowski, interior de São Paulo e viveu muitos anos no Rio de Janeiro, onde veio falecer em 1962. O artista, mesmo mudando suas técnicas ao longo do tempo, nunca perdeu o foco no homem brasileiro e suas mazelas sociais. Em sua trajetória como artista ganhou muitos prêmios em salões de artes e morou na França no ano de 1930 após ganhar o Prêmio de Viagem a Europa, lá aproveita visitar museus e estudar muito.

Portinari retorna da Europa animado para pintar quadros exaltando a cultura brasileira, seu povo, sua natureza e sua história, sempre em caráter de denúncia. Além de retratar as questões sociais de seu país, Portinari é bastante influenciado pelos movimentos artísticos da Europa como o Cubismo e o Surrealismo.

O filho, João Candido Portinari, engenheiro de profissão, deixou as Ciências Exatas para resgatar a memória de seu pai. Durante décadas trabalhou na catalogação de todo o acervo de Portinari, que segundo o herdeiro, que detém os direitos autorais das obras, estava fragmentado. Graças ao levantamento minucioso feito por ele, foi possível catalogar mais de cinco mil pinturas e 30 mil documentos relacionados a esses trabalhos. A maioria invisíveis ao público. Obras mais conhecidas no Brasil de Portinari: Mestiço, Café, Retirantes, Cana-de-Açúcar, Guerra e Paz…

“É um grande paradoxo um artista que pintou de forma tão emocionada a alma do povo brasileiro ter seus trabalhos longe do povo. Numa busca que fizemos encontramos obras dele na Filândia, Haiti, e achamos documentos em mais de 20 países”, lembra João Cândido. (Fonte: O Globo, 2011).

Casarão Cosme Velho

O  casarão situado no número 343 da Rua Cosme Velho, Zona Sul da capital fluminense, onde morou, entre 1943 e 1950, Candido Portinari, encontra-se em um estado de degradação, com cômodos sem telhado e paredes caindo, correndo sério risco de desabar.

Vale ressaltar que o imóvel, tombado provisoriamente em 2011 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), foi doado ao Projeto Portinari para a criação de um centro de cultura em memória ao artista. No entanto, o Inepac não conseguiu angariar patrocínios e apoio para a realização da iniciativa e, por isso, a casa acabou devolvida aos donos há dois meses.

Para o João Candido Portinari, é um sonho que ainda não tornou-se realidade porque há mais de 20 anos vem lutando para regularizar a situação do Casarão e transformá-lo em um centro de cultura e conhecimento sobre o trabalho realizado pelo pai no campo das artes plásticas.

João Candido Portinari

João Candido Portinari é Ph.D. pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT/EUA) e fundador do Projeto Portinari, que desde 1979 dedica-se ao regaste e à democratização da vida e obra de seu pai, o renomado pintor brasileiro Candido Portinari.

O projeto contribui para o conhecimento histórico-cultural do País, promove a arte e a educação para crianças e adolescentes brasileiros, além de recuperar o legado pictórico, ético e humanista de Portinari por meio dos programas Levantamento, Pesquisa e Catalogação, e Democratização de um abrangente e detalhado acervo documental sobre a obra, vida e época do artista. Até o momento, 5.400 obras e 30 mil documentos compõem o acervo documental do Projeto Portinari, disponíveis gratuitamente em: Portinari ou no Google Arts and Culture Program

Cinema e educação no Brasil

Ao alcançar a marca dos cinquenta encontros, os Estados Gerais da Cultura(EGC) realizam com o Fórum Brasileiro do Audiovisual (FBA) um debate memorável com mulheres cineastas e produtoras sobre cinema como recurso didático para formação cultural, social e artística nas escolas e na comunidade. “Vamos falar de cinema sob um outro olhar, que não é aquele do artista, do fazedor de cinema, mas pelo olhar do formador através do cinema”, afirma o cineasta Silvio Tendler. “Será um debate muito rico e gostei muito que tenham procurado os Estados Gerais da Cultura para realizarmos juntos esse encontro”. Tendler integra os dois movimentos culturais e falará na abertura.

O Fórum foi criado pela cineasta e produtora Solange Moraes e agrupa grandes nomes na criação de filmes de todo o Brasil, tanto os mais antigos como os mais novos, entre eles estão Silvio Tendler, Orlando Senna, Rosemberg Cariry, José Araripe, assim como cineastas videotivistas, pesquisadores e professores. “Será encontro de mulheres do cinema, destacando a presença preciosa de Marialba Monteiro – uma das fundadoras do projeto chamado Cineduc, que se dedica a ensinar cinema nas escolas”.

A apresentação musical deste domingo será por conta de Isabella Rovo, artista candanga e uma grande mobilizadora cultural.

Cynthia Alário

Educadora social e empreendedora cultural. Em 2002 fundou a Brazucah, uma produtora especializada na difusão do cinema brasileiro pelo Brasil e pelo mundo. Atualmente coordena o CINESOLAR – um cinema itinerante movido a energia solar e integra a Rede Internacional de Cinema Solar. Viaja pelo país realizando oficinas de produção audiovisual e alegrando as pessoas com a magia do cinema. É formada em Comunicação Social na USP e pós-graduada em Transdisciplinaridade e Desenvolvimento Integral do Ser Humano pela UNIPAZ/SP. Naturopata, desenvolve um trabalho de resgate dos saberes populares da manutenção da saúde através das manifestações artísticas e culturais. Facilitadora da Metodologia de Educação para a Paz desenvolvida por Pierre Weil.

Solange Souza Lima Moraes

Produtora, graduada em Cinema pela Universidade Federal da Bahia – UFBa. Baiana, é sócia da Araçá Filmes, produtora com mais de 40 filmes, entre curtas, documentários e longas metragem. Possui mais de 30 anos de experiência com cinema e audiovisual. Seu mais recente lançamento, o longa Longe de Paraíso (2020) dirigido por Orlando Senna, acaba de ganhar o prêmio de público como Melhor Filme no Festival de Brasília.

Foi presidente da Associação Brasileira de Documentaristas – ABD Nacional, entidade que existe nos 27 territórios brasileiro, membro titular do Conselho Superior de Cinema, nos governos 2008/2012, do Conselho Nacional de Políticas Culturais – CNPC e do Conselho de Cinema da Secretaria do Audiovisual – SAV. Atualmente, finaliza dois longas: A Pelé Morta, rodado no Brasil e na América Latina, previsto para 2022 e Nina, rodado em Salvador, previsto o lançamento para outubro de 2021. 2022.

Marialva Monteiro

Graduada em Filosofia pela PUC-RJ e Mestre em Filosofia da Educação pela Fundação Getúlio Vargas-RJ. Curso de Extensão em Crítica Cinematográfica na ASA–Ação Social Arquidiocesana/PUC-RJ.
Fundadora e atual presidente do CINEDUC, entidade que trabalha há 46 anos com o uso da linguagem audiovisual no processo educativo.

Coordenou o projeto Sessão Criança no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB-RJ e fez a curadoria da Mostra Geração do Festival do Rio desde 1999 até 2007.
Coautora do livro Cinema: uma janela mágica, com Bete Bullara, sobre linguagem cinematográfica, destinado a jovens, (terceira edição em 2015). Coordenou a realização do vídeo didático Cinema para Todos (50 min) sobre a linguagem cinematográfica com patrocínio do Fundo Nacional de Cultural com distribuição gratuita para universidades e centros culturais e o programa Olho Mágico, veiculado pela TV Educativa.

Escreveu o argumento e acompanhou a produção da série A Trama do Olhar, Para o programa TV Escola. Participou como jurada em vários festivais infanto-juvenis na América Latina (Bolívia, Venezuela, Uruguai, Argentina), na Europa (Bulgária, Polônia, França, Rússia) e Índia. Jurada e curadora da seleção de curtas do FECIBA – Festival de Cinema Baiano em Ilhéus, BA de 2013/16.

É membro da Câmara Setorial do Audiovisual do Conselho Municipal de Cultura de Ilhéus, BA já no segundo mandato. Curadora em 2011/14 da Mostrinha de Cinema Infantil de Vitória da Conquista (BA), organizada pela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Marineti Pinheiro

Jornalista, Escritora e Cineasta, formada em Direção de Documentário pela Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antônio de los Baños/ EICTV (Cuba), dirigiu filmes de curta, média e longa metragem premiados nacionalmente, publicou dois livros sobre cinema pela Editora da UFMS, realiza curadoria para Festivais Mostra de Cinema no Brasil e no exterior, é professora na Faculdade Novoeste. Atualmente trabalha na formação audiovisual de jovens realizadores da etnia Guarani Kaiowa através do Kuñangue, e coordena (desde 2015) o Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS de MS) onde desenvolve atividades de formação, difusão e promoção na área da fotografia, música e, principalmente, Cinema e, em 2019, recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro, do IBRAM, ação educativa, pelo curso de documentário “MS 40 anos em Histórias Cinematográficas” em parceria com TVE Cultura de MS.

Renata Semayangue

É produtora de cinema e audiovisual com mais de 20 anos de experiência. Já trabalhou em diversos filmes longa- metragem, curtas e séries. É fundadora da produtora independente Cinepoètyka, que fica em Lençóis, na Chapada Diamantina, gestora do Cineclube Fruto do Mato – cinema para todas e diretora de produção da ELA – Escola Livre Audiovisual da Chapada Diamantina.

Ana Bárbara Ramos

É cineasta, educadora e gestora de projetos especializados na área de cinema e educação. É mestre em Letras e graduada em Comunicação Social pela UFPB, e cursa a especialização em Educação Transformadora: Pedagogia, Fundamentos e Práticas, na PUCRS. À frente da Semente – Escola de Educação Audiovisual desde 2014, desenvolve práticas educativas com o audiovisual em instituições escolares e culturais. É professora do Cearte – Centro Estadual de Arte da Paraíba, desenvolvendo ações de arte para o público infantil e na formação de professores. Integrante da Rede Kino – Rede Latino-americana de Educação, Cinema e Audiovisual e do Núcleo de Educação Transformadora da Paraíba.

Diversidade e Resistência LGBTQIA+ no Brasil Atual

A pauta é urgente num país homofóbico e que apresenta altos índices de violência contra a comunidade LGBTQIA+. Especialistas em questões humanitárias, ativistas e representantes de organizações civis dizem que pessoas LGBTQIA+ perderam a vez e a voz ao longo de dois anos e meio do atual governo. Fonte: Folha.

Sensível à luta pelas minorias e para dar maior visibilidade a comunidade LGBTQIA+, os Estados Gerais da Cultura convidaram importantes ativistas para falar sobre o assunto.

Elaine Sallas é lésbica, umbadista, preta e periférica. Professora, cantora e produtora cultural. Mestre em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina; Especialista em Arte no Campo UDESC/MST. Por três anos foi Conselheira Municipal de Cultura pela Setorial de Teatro e uma das articuladoras da Setorial de Cultura LGBT em Florianópolis. Idealizadora da 1ª Mostra Dissidente de Teatro Político, pesquisadora no grupo Imagens. Políticas/UDESC. Atua como militante na Unidade Comunista Brasileira – UCB, na Coletiva de Visibilidade Lésbica Mudiá, na Frente Feminista 8M-SC e na Unidade Popular Sindical. Ativista na Marcha Mundial das Mulheres e no Levante Feminista contra o Feminicídio. Em 2020 foi candidata a vereadora pelo PSOL, sendo a terceira mulher mais votada do partido em Florianópolis, alcançando a quarta suplência.

Indianarae Siqueira é TransVestiAgenere, pute, ateie, vegane, presidente do Grupo Transrevolução-RJ, da REBRACA LGBTIA+, coordenadora do PreparaNem, Casa Nem Abrigo LGBTIA+, Rede Brasileira de Prostitutas, Fórum TT RJ e Coletivo Davida.

Bárbara Esmenia é poeta, dramaturga, curinga de Teatro da/os Oprimida/os, atualmente com a Grupa Ybyrá TO, formada por lésbicas e mulheres bissexuais. Integra a Publicar al Sur (México), coordenando as áreas de artes e feminismos. Faz parte da Rede Sem Fronteiras de Teatro da/os Oprimida/os e da Rede Magdalenas Internacional, formado por mulheres praticantes de TO.

Beto de Jesus, secretário para América Latina e Caribe da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, pessoas Trans e Intersex.

Quilombolas da Amazônia: vida e luta

A presença de uma importante ativista e quilombola Wal Cruz, no encontro de domingo, demonstra a preocupação do coletivo Estados Gerais da Cultura em dar prioridade aos debates sobre as questões culturais, ambientais, assim como as desigualdades e injustiças sociais do Brasil.

Waldirene Cruz é uma corajosa militante em defesa dos quilombos do Baixo Tocantins, na Amazônia, educadora popular, agroecologista, negra, que vive no quilombo de Nova Esperança, em Cametá, no Pará. É técnica em agricultura da Casa Familiar Rural de Cametá, atua em Pedagogia da alternância, defensora dos pobres e minorias. Também contribuiu para o movimento político de esquerda como ex-diretora da CUT/PA. Esta matriculada no curso de Agronomia UFPA, Campus Cametá PA e tem participado de várias lutas de movimentos sociais, especialmente o de mulheres.

A formação de quilombos na Amazônia deu-se com a expansão do cultivo do cacau e com isso a escravidão de negros e índios. Durante muito tempo, os quilombolas foram perseguidos e muitos quilombos destruídos pelos fazendeiros brancos, porém isso não os fez desaparecerem como comunidade. Hoje, quilombolas lutam pela defesa de seus direitos constitucionais.

Quilombos eram as aldeias onde se refugiavam os escravos em fuga, e onde hoje vivem seus descendentes. Durante a época colonial e mais além, africanos foram escravizados e traficados para o Brasil aos milhões. Apenas 130 anos atrás a escravatura foi abolida no país. No entanto isso não resultou em melhores condições de vida para os libertados.

“No Brasil, simplesmente não há sentimento de culpa por se ter escravizado certos grupos por tanto tempo. Os políticos não consideram tarefa deles integrar essas pessoas, eles simplesmente as deixam excluídas e vulneráveis a tomadas de terra, latifundiários e empresas mineradoras. É uma catástrofe”, diz Raquel Araújo Amaral, diretora do Setor Quilombola do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Santarém, Pará. Fonte: DW

Apesar das perseguições e lutas constantes, as comunidades quilombolas têm alegria e gostam de festa à sua moda. Exemplo disso, o samba de cacete que é um ritmo criado por eles, inspirado no samba africano.

Pelos olhos da fotografia

Os Estados Gerais da Cultura reúnem num só encontro três grandes nomes da fotografia brasileira, Firmo, Scorza e Ripper. Suas imagens registram flagrantes repletos de conteúdos que revelam as emoções desapercebidas pelo corre-corre da vida. Firmo, o fotógrafo que mais mostrou a negritude e alegria brasileira, Scorza entre os incríveis do fotojornalismo e Ripper, com suas fotos eloquentes que defendem os direitos humanos.

Walter Firmo

Fotógrafo várias vezes premiado e um dos mais importantes autores a trabalhar com fotografia colorida no Brasil, e um dos primeiros a valorizar e divulgar a contribuição da cultura negra em seu trabalho, Walter Firmo nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1937. Autodidata, começou a carreira no jornal carioca Última Hora, em 1957, passando a colaborar com o Jornal do Brasil em 1960. Cinco anos mais tarde integrou a equipe inaugural da revista Realidade, que o tornou nacionalmente conhecido. Com uma carreira brilhante e vertiginosa na imprensa foi também diretor do Instituto Nacional de Fotografia da Fundação Nacional de Arte, publicou livros: Walter Firmo: Antologia Fotográfica, Nas Trilhas da Rosa, entre outros.

Antonio Scorza

Está há trinta e dois anos fotografando. De estagiário no jornal Última Hora a editor da Agência France Presse, onde esteve por 26 anos. Atualmente trabalha no jornal O Globo. Participou de 6 Copas do Mundo e 5 Olimpíadas, ganhou um prêmio da World Press para Meio Ambiente e passou 72 dias na guerra do Iraque. Também tem um prêmio da Associação Nacional de Fotógrafos de Imprensa dos EUA. Como um bom jornalista operário, já esteve em palácios e favelas e espera ter mais 32 anos para contar boas histórias.

João Roberto Ripper

Trabalha fazendo documentações e workshops pelo Brasil. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Hélio Alonso, trabalhou nos jornais O Globo, Última Hora, Luta Democrática e Diário de Notícias. Participou da F4, uma das primeiras agencias de fotografia independente do Brasil. Criou a ONG Imagens da Terra, que teve como proposta colocar a fotografia a serviço dos direitos humanos. Idealizador do Projeto Imagens do Povo, uma Agência-Escola de Fotógrafos Populares do Observatório de Favelas, localizada no complexo de favelas da Maré. Hoje mais de 40 fotógrafos oriundos de espaços populares estão vivendo de fotografia a partir deste projeto. Desde 2011 desenvolve a oficina Bem Querer onde analisa o trabalho de fotógrafos humanistas e sua importância na quebra de estereótipos e no uso da fotografia como ferramenta de transformação social.

O encontro contará com apresentação artistica de Vinicius Oliveira, cantor, compositor, músico e pesquisador. Ao longo dos seus 10 anos de carreira já desenvolveu projetos musicais dos mais variados (tanto em solo como em grupo) visando dar vazão as suas diversas áreas de interesse.
Como compositor, foi um dos premiados em 2013 no Soulvision Festival ao lado do Trio de Couro e Cordas com a música “Com elegância”. Possui músicas gravadas por outros intérpretes e parcerias com compositores como João Cavalcanti, Rodolpho Dutra e Claudinho Guimarães. Ao lado de Raphael Moreira participou da criação da trilha sonora do musical infantil “Samba Menino” baseada em livro homônimo.

“Sobre piolhos e outros afagos: educação para o bem-viver”

O coletivo dos Estados Gerais da Cultura terá como convidado no tradicional encontro dominical, o genial escritor de literatura infanto-juvenil, Daniel Munduruku, que é antes de tudo um importante ativista pelos direitos da causa indígena. Além de escritor, professor e filósofo, Daniel pertence a etnia Munduruku e se destaca por mostrar a importância em preservar a genuína ancestralidade brasileira por intermédio de seus livros publicados e premiados. Em sua maioria, transfere as histórias indígenas repassadas oralmente aos jovens e crianças nas aldeias para literatura.

Hoje com 57 anos é uma voz potente que se manifesta contra as injustiças e atitudes arbitrárias cometidas pelo atual governo aos povos da floresta. Se diz socialista por duas vezes: a primeira por nascença e a segunda por opção.

“Vivendo na periferia de Belém, no bairro da Sacramenta, Munduruku foi “uma criança feliz, aliás, como todas deveriam ser”, trepado em mangueiras em flor, que lhe forneciam deliciosos frutos, e divertindo-se com os pés cravados nos quintais da vizinhança. As memórias ruins surgem quando a escola dos brancos vem à recordação. Apesar de todos ali se parecerem com ele, Daniel foi apontado como “índio”, pelos coleguinhas, por ter vindo de uma aldeia de fora de Belém. No começo, não entendeu aquela palavra: “índio”. Tampouco as risadas dos meninos que compartilhavam com ele a pele bronze, os olhos puxados, os cabelos negros lisos. Não sabia o que era ser “índio”, costumava achar que era Não sabia o que era ser “índio”, costumava achar que era “gente” mesmo. Matutou, então, que “índio” era o nome de algum passarinho que ainda não conhecia, até entender que a piada de que todos riam era ele. Em seu livro “Memórias de índio: uma quase autobiografia” (Edelbra, 2016) existe um capítulo chamado “Nunca gostei de ser índio” que narra o pesado bullying e a discriminação racial de que Munduruku foi alvo na infância”. Fonte Fred di Giacomo

Daniel Munduruku (Belém, 28 de fevereiro de 1964) é um escritor e professor paraense, pertencente ao povo indígena Munduruku. Autor de 54 livros publicados por diversas editoras no Brasil e no exterior, a maioria classificados como literatura infanto-juvenil e paradidáticos. É Graduado em Filosofia, História e Psicologia. Tem Mestrado e Doutorado em Educação pela USP – Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.

Já recebeu vários prêmios nacionais e internacionais por sua obra literária: Prêmio Jabuti CBL – Câmara Brasileira Do Livro, Prêmio da Academia Brasileira de Letras – ABL, Prêmio Érico Vanucci Mendes – CNPq, Prêmio Madanjeet Singh para a Promoção da Tolerância e da Não Violência – UNESCO, Prêmio da Fundação Bunge pelo conjunto de sua obra e atuação cultural, em 2018, entre outros. Muitos de seus livros receberam selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ. Ativista engajado no Movimento Indígena Brasileiro, reside em Lorena, interior de São Paulo, desde 1987. Cidade onde é Diretor-Presidente da ONG e selo editorial Instituto Uka – Casa dos Saberes Ancestrais, também é membro-fundador da Academia de Letras de Lorena. Atualmente Daniel administra uma livraria online especializada em livros de autores indígenas e promove há 17 anos, o Encontro de Escritores e Artistas Indígenas no Rio de Janeiro em parceria com a FNLIJ.

Ousar e Resistir: Mulheres e Memórias

Um encontro memorável de mulheres é a proposta dos Estados Gerais da Cultura no domingo. Serão professoras, pesquisadoras, ativistas, artistas, militantes, mães, representantes de diferentes grupos e coletivos que irão colocar em pauta o protagonismo feminino no Brasil de hoje, um país com uma das mais altas taxas de feminicídio e onde a discriminação e a violência ainda fazem parte do dia a dia de muitas mulheres brasileiras.

Quem matou Marielle?

Fabiola Notari é artista visual, professora e pesquisadora. Doutora em Literatura e Cultura Russa (FFLCH/USP), mestre em Poéticas Visuais pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, onde lecionou de 2012 a 2020. Desde 2014 coordena o Grupo de Estudos Livros de artista, livros-objetos: entre vestígios e apagamentos e em 2018 criou o Núcleo de Livros de Artista. Ambas as iniciativas são apoiadas e realizadas na Casa Contemporânea, espaço multidisciplinar localizado no bairro de Vila Mariana em São Paulo-SP. É co-fundadora e diretora administrativa do Instituto Angelim. www.fabiolanotari.com.

Mirlene Fátima Simões. Doutora em Sociologia (UNESP/CAr). Docente no ensino universitário em instituições públicas e particulares. Escreveu livros, capítulos de livros. Coordenou publicações de livros e de revistas acadêmicas. Coordenou pesquisa nacional de Políticas Públicas para Mulheres (2012-2015). É membro da Sociedade Brasileira de Sociologia – SBS (2015-atual) onde coordena Grupos Temáticos e Mesas-Redondas. É membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC (2020-atual). Membro Coordenadora do 500 Women Scientists (2021-atual). É co-coordenadora do Grupo de Pesquisa CNPq/Unesp/CAr Juventude e Prevenção do Delito. É Diretora Presidente do Instituto Angelim. www.institutoangelim.org

Franciéle Garcês. Bibliotecária negra, doutoranda em Ciência da Informação na UFMG. Integrante do GT Relações Étnico-raciais e Decolonialidades da FEBAB, idealizadora do Quilombo Intelectual e uma das coordenadoras do Selo Nyota. Integrante do Coletivo Nacional de Bibliotecários e Bibliotecárias Negras. Pesquisa a Biblioteconomia Negra Brasileira e Americana, Estudos Críticos da Branquitude e Ensino e Relações Étnico-raciais em Biblioteconomia.

Keila Pereira, 24 anos, estudante de Letras na USP e moradora de Parelheiros, extremo sul da capital paulista. Foi Diretora de Cultura da UMES de São Paulo (2016-2018), cofundadora do Sarauê e atualmente é Agente Cineclubista da Spcine, empresa pública de audiovisual da cidade.

Vivian dos Santos Queiroz, mulher, mãe, operadora de telemarketing, sindicalista presidente do Sintratel – Sindicato dos trabalhadores em telemarketing de Campinas e Região e Secretaria Nacional da Mulher da CGTB.

Miguela Peralta Moura é mãe e artista visual. Do povo Guarani, do Estado de Mato grosso do Sul, nascida na região de fronteira com o Paraguai. Vive hoje no sul da Bahia. Suas pinturas, carregam traços e cores que permeia a compreensão da sua própria ancestralidade, vestindo-se da cultura fronteiriça para fortalecer sua identidade.
Estudante de Ciências Sociais e atuante no movimento indígena.

RE-ACORDAR

As asas que ali caíram

Foram asas que me deram.

Minhas asas verdadeiras,

 As que comigo vieram,

No chão rasteiro e sem fim

Jamais poderão cair.

São as asas da esperança

De um futuro que há de vir.

(Joaquim Cardozo, O Coronel de Macambira)

Re-Acordar conta a história dos integrantes do elenco, desde seu primeiro encontro até os dias de hoje.

Travessia de mais de 50 anos: os anos de ditadura, prisão, exílio, viver no Brasil, e de como, através dessas vivências, chegamos ao hoje.      

Viver vale a pena.

(Re-Acordar)

O texto se compõe de poemas de Joaquim Cardozo, extraídos do bumba-meu-boi O Coronel de Macambira, peça apresentada em 1967 pelo Teatro Universitário Carioca, com direção de Amir Haddad e músicas de Sergio Ricardo. As cenas do Macambira são entremeadas por versos de Marta Klagsbrunn, relatos e reflexões de participantes do TUCA.

Cada verso do poema é iluminado pela vida.

(Re-Acordar)

Re-Acordar tem direção e dramaturgia de Amir Haddad, que também participa da apresentação como seu narrador.

A música original, composta por Sergio Ricardo, tem arranjos e direção musical de Luiz Cláudio Ramos e ponteia a peça.

A editora das músicas e sons e encarregada de sua difusão é Márcia Fiani. A edição de fotos é de Marta Klagsbrunn e a direção de imagem de Máximo Cutrim. Nossa divulgação está sob os cuidados de Mônica Arruda.

Dez de nossos membros constituem o elenco do Re-Acordar:

Alberto Strozenberg, Amir Haddad, Dora Zaverucha, Márcia Fiani, Marta Klagsbrunn, Mônica Arruda, Regina Célia Dantas, Ricardo Valle, Sérgio Alevato e Victor Hugo Klagsbrunn.

A produção é nossa: TUCAARTE – Associação TUCA de Arte e Cultura.

Texto release do TUCAARTE

Forró, Patrimônio Cultural Brasileiro

Os Estados Gerais da Cultura propõem uma boa prosa com dois famosos forrozeiros e gente que gosta da cultura popular para defender o Forró como Patrimônio Imaterial Brasileiro. Certamente com muito baião, xaxado, chote e arrasta-pé ao som das sanfonas de Mô Lima e Luizinho Calixto. Quase uma festa virtual junina para combinar com mês de junho, dos santos festeiros – Santo Antonio e São João.

Forró é alegria e a marca do povo brasileiro, sobretudo na região nordeste. Há mais de 10 anos grupos e pessoas que representam setores da cultura popular lutam para registrar o Forró de raiz, o pé-de-serra, como patrimônio brasileiro no IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico. Num inventário preliminar, o IPHAN constatou que a festa do Forró existe no mínimo em 14 estados brasileiros com destaque.

Joana Alves é uma dessas grandes defensoras para preservar o Forró como cultura imaterial. Ela atua frente a Associação Balaio do Norteste. Rejane Nóbrega será a mediadora desse bate-papo e também uma grande militante e ativista de cultura. Juntou toda turma para defender e preservar o que é nosso.

Forró não é só São João. É uma cadeia produtiva que envolve dança, participação feminina, além das matrizes, xaxado, baião, xote e dentro dessas matrizes têm o Forró de oito baixos. Neste sentido tem Luizinho Calixto que é um dos últimos mestres da sanfona de oito baixos.

Outro forrozeiro será Mô Lima, de 42 anos, músico e filho de Francisco Ferreira Lima, pegou o fole da sanfona pelo caminho para continuar o forró deixado pelo pai, que era mais conhecido como Pinto do Acordeon lá da Paraíba, que foi um dos grandes nome do Forró no Brasil.

Joana Alves

Joana Alves da Silva licenciada em Educação Artística pela JUFPB com especialidade em artes plásticas é também artesã, produtora e articuladora cultural. Fundadora e presidente por dois mandatos (de 2008 à 2015) da Associação Cultural Balaio Nordeste (ACBN), instituição cultural sem fins lucrativos, atuou em várias frentes de valorização e promoção da cultura popular à exemplo da criação da Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste, da Escola de Música Mestre Dominguinhos, do documentário/DVD do músico Pinto do Acordeon (parceria com o IPHAN), do Fórum de Forró Raiz e do I, II e III Encontro de Foles e Sanfonas daParaíba.

Promoveu ainda diversos eventos tais como: Encontro Nacional para Salvaguarda das Matrizes do Forró como Patrimônio Imaterial Brasileiro (parceria com o IPHAN), Homenagem a Luiz Gonzaga (edições 2012, 2013, 2014 e 2015); Forró Solidário do Balaio Nordeste (edições 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015), Mulheres Pintando o Sete (homenagem a cantora Marinês) e Balaio Nordeste Rumo à França.

Rejane Nóbrega

Militante e ativista cultural, gestora de cultura, pesquisadora das culturas tradicionais e populares brasileiras; arte educadora. Foi Assessora de cultura da Comissão de Educação Cultura da Câmara dos Deputados; Assessora Especial de Cultura da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC; Assessora de Cultura da Secretaria de Cultura de SP, gestões Erundina/Marilena Chauí; Diretora de Cultura de Campo Largo, PR; Assessora Especial de Cultura de Conde, PB.

Artes Visuais, Licenciatura – Faculdade de Artes do Paraná – FAP; Mestrado em Serviço Social de Comunidade – PUC-SP; Bacharelado em Serviço Social – Universidade Federal da Paraíba – UFPB; Diversos Cursos Livres em Artes Visuais e Culturas Populares.