Arte Versus Pulsão de Morte

Antonio Quinet

Estamos vivendo um tempo de incitação ao ódio e a violência e como vocês sabem não começou hoje, ele é velho como o mundo.

Os EGC é um movimento muito bem vindo e muito necessário nestes tempos de ódio, ignorância violência e ataque, não só a democracia, mas a cultura e a humanidade. Estamos vivendo um tempo de incitação ao ódio e a violência e como vocês sabem não começou hoje, ele é velho como o mundo. Só que a diferença dos tempos atuais para os velhos tempos de sempre, é que hoje há, e não estamos oficialmente em guerra, mas hoje existe um discurso legitimador do ódio e da violência que apresenta uma sinistra evolução do mal dirigido ao outro. O mal é autorizado, banalizado e legalizado. E a intolerância ao diferente não é excepcional e sim, a regra.

O ódio que pode se expressar, que vai do xingamento ou linchamento ao cancelamento, até o assassinato, está ligado a uma estrutura subjetiva e social da relação do sujeito com o outro e que é uma forma de gozar. E que é estrutural e que nós temos que levar isso em consideração. É uma expressão daquilo que nós todos temos, que é a pulsão de morte. Só que o tratamento dessa pulsão que todos temos, pode ser, pode ir em duas direções: na direção da exclusão do outro ou da consideração e da inclusão do outro no laço afetivo e no laço social, ou seja na sociedade e nos discursos do nosso tempo.

O ódio é uma expressão daquilo que todos nós temos, que é a pulsão de morte.

Bom, não é à toa, que hoje em dia, nós falamos muito desse governo atual, que é um governo comandado por uma necropolitica, o termo criado por Achille Mbembe, grande filósofo e sociólogo africano, que fala do terrorismo do estado e da necropolítica, que é uma política de destruição a serviço do capital, do consumismo e do neoliberalismo. O que nós estamos vendo hoje de uma forma bastante desvelada nesses governos de extrema-direita, do fascismo, às vezes nem tão disfarçado assim, como no s Estados Unidos e no Brasil, é que o capitalismo, o neoliberalismo se tornou a maior arma de uma necropolítica, que está a serviço de uma satisfação própria do homem que goza mesmo com isso, não só, digamos para obter seus benefícios de capital, mas tem um gozo pulsional.

É sobre isso que eu gostaria de falar, sobre o conceito freudiano de pulsão de morte que todos temos, insisto, só que nem todos utilizamos a sua força destruidora. Nós vamos falar um pouco sobre o conceito de pulsão de morte em Freud e falar em seguida sobre a arte – um assunto bastante vasto. Quem me conhece sabe que eu sou professor, que eu posso falar horas sobre o mesmo tema, eu por isso que eu comecei a fazer umas lives há seis meses não parei mais, todo domingo estou fazendo porque realmente temos que falar muito, sobre muita coisa atualmente e não vai ser a quarentena e o confinamento que vai confinar, nem o nosso pensamento e nem o nosso desejo.

Essas tecnologias que nós estamos utilizando atualmente são uma prova disso, utilizamos isso e é por isso que estamos juntos aqui porque nada vai nos confinar porque eu sou do grupo do Silvio, o grupo da utopia. Utopia que é o que precisamos para vencer essa necropolítica comandada por uma coisa que a gente vê, uma necrofilia, é uma filia em relação a morte.

Uma política de destruição que que está sendo devastadora. Devastadora do ser humano, devastadora da nossa cultura e devastadora do nosso meio ambiente. Ou seja, tá bem tá acabando com a terra, tá acabando com a humanidade. E nós realmente temos que nos unir e a cultura – eu vou falar um pouco sobre isso – é uma arma fortíssima contra isso.

Então eu queria dar uma retomada, antes mesmo de Freud colocar o conceito de pulsão de morte tem uma grande e de fato que aconteceu no mundo ocidental, que foi a Primeira Guerra Mundial daí a sua repercussão em Freud no artigo que ele escreveu e que é pouco conhecido, de 1915, chamado “Sobre guerra e a morte: temas da atualidade,” parece que é hoje, de 1915, aonde Freud mostra de forma como ele está absolutamente chocado com poder destruidor da guerra. A guerra começou há um ano atrás- 1915. Como ele mesmo diz: nunca antes, no mundo ocidental, um acontecimento havia destruído tanto o custoso patrimônio da humanidade. Ele fica chocado, como de uma hora para outra, na guerra, aquele outro que era seu amigo do país vira seu inimigo e você pode matar e como foi feito, você pode destruir completamente a cultura do outro.

A questão da Guerra, não é à toa que eu estou começando com o com esse tema da guerra, que eu vou voltar porque há guerra, se não é uma guerra declarada e a guerra não é contra o vírus, é uma guerra avassaladora do capital, da destruição do capital humano e patrimonial e cultural que nós temos. Essa onda de destruição que aconteceu na guerra, na primeira guerra mundial, fez Freud colocar a questão: afinal de contas o que que acontece que é o homem dito civilizado, de uma hora para outra, ele perde completamente a civilidade e a cultura. A cultura aqui é sinônimo de civilização em Freud.

O ‘cultur‘ em alemão pode ser traduzido como cultura e civilização se aproximam. Eu acho que o Estados Gerais da Cultura utiliza muito cultura no sentido de civilização.

Ai o que Freud chama de aptidão para cultura – nós temos uma aptidão para a destruição dessa pulsão de morte, que eu vou falar daqui a pouco, mas temos uma aptidão para cultura. Essa aptidão para cultura é a capacidade do ser humano de reformar e as suas pulsões egoístas sob a égide de Eros. Ou seja, transformar aquilo que é egoísta baseado em Eros, que é o amor e o desejo e a conexão com o outro no laço social. É a consideração pelo outro. Isso é aptidão a civilidade. De você levar o outro em consideração e ele se transformar para você em alguém digno de amor, de desejo. Como a guerra , essa guerra como que nós estamos vivendo, como é que destrói esse tipo de coisa.

Ou seja, transformar aquilo que é egoísta baseado em Eros, que é o amor e o desejo e a conexão com o outro no laço social.

Freud chama atenção, como aptidão para cultura, a que foi organizado pelos homens, não foi suficiente para conservá-la e como ela, Freud chama atenção, como existe muito mais os hipócrita da cultura, do que homens realmente cultos. Interessante isso. O que que são os hipócritas da cultura, que diz que gosta da cultura, mas na hora de defender, ele é o primeiro na verdade a destruir.

Então, o primeiro choque que foi a primeira guerra mundial, que fez Freud se perguntar, gente, mas o que que é isso? Por que? Ele vai começando a falar e dessa tendência da agressividade, ao mesmo tempo, ele desenvolve os textos mais importantes sobre a pulsão, sobre a pulsão sexual e seus destinos. Todos temos pulsões sexuais mas elas têm destinos diferentes. O sexo direto, a satisfação direta. Tem o recalque que dá os sintomas, inibições, angústias, etc…. como bom neurótico e o terceiro destino da pulsão sexual é arte. A sublimação que é uma forma de você canalizar o seu erotismo, não sexualizado. mais para produção da arte. Ao mesmo tempo, Freud escrevia horrorizado seus artigos sobre a guerra e a morte.

Tempos depois, demorou cinco anos, ele descobre a pulsão de morte. Na verdade, foi a Guerra e a continuação de tudo que ele via na análise, nos pacientes neuróticos, que existe alguma coisa do próprio sujeito que resiste a ser curado a ser curado dos seus sintomas. Então, ele começou perceber que nós não somos apenas regidos pelo princípio do prazer, ou seja que a gente tem o prazer, mas se a gente tem um pouco de dor, a gente recua um pouco, negocia, tenta fazer um pouco de prazer. Mas não tem algo dentro dos homens e das mulheres que é uma tendência destrutiva e que ele vai chamar de pulsão de morte.

Só que essa pulsão, junto de Eros e a pulsão de morte que ele percebe , que é aquilo que ele vai perceber que se manifesta no sujeito de uma forma, digamos neurótica e sintomática e que faz ele repetir sempre as mesmas coisas e os mesmos erros e também o masoquismo, do prazer na dor que existe e que é inerente a todo ser humano. Essa pulsão que vai contra o sujeito, vai contra o outro também, que é a pulsão de crueldade, que Freud chama também. Há uma pulsão de crueldade que volta para o próprio sujeito, mas vai também em direção ao outro.

Dr Freud por que a guerra? Freud responde: a guerra é uma orgia de gozo.

Isso é muito importante. Já nos anos 30, na a primeira guerra já passou há um tempo, mas já tem algo, o nazismo começa em 33, com Hitler avançando no poder, em 1930, ali no entre guerras, a toda uma série de intelectuais que se perguntam e vão pensar a questão da guerra. Porque a guerra desorientou todo mundo e ninguém sabia explicar o porquê da guerra, para além das conquistas territoriais e Einstein, então, escreve para Freud um texto que se chama: Dr Freud por que a guerra? Freud responde: a guerra é uma orgia de gozo. ( tô falando com os meus termos tá).

E aí o que que ele diz assim, que a guerra… a guerra desvelou uma coisa assim que é óbvio, que o outro, para cada um, não é apenas um objeto sexual para sua satisfação sexual, mas ele é também objeto da sua pulsão de crueldade e com isso ele pode humilhá-lo, torturá-lo, roubá-lo, abandoná-lo a sua própria sorte com uma carniça, sem sepultamento, sem nada, destruí-lo e matar. Freud diz que a guerra libera isso.

O que Freud nos mostra que o homem não é só Instinto animal, mas é porque nós somos seres de linguagem. Então tudo que é da ordem do instinto nosso vira pulsão. Bem mais complexo porque nós temos a lei simbólica, que é a lei do complexo de eixo, é a lei da linguagem. Nós somos seres legais e sociais. O que nos humaniza é a nossa civilidade. É o fato de nós podermos ser civilizados. O que que significa ser civilizado? Freud diz claro sobre o mal-estar na civilização: a civilização exige a renúncia pulsional. Se não existisse uma lei interna simbólica e uma lei da civilização – a gente saía aí trepando, transando com todo mundo e matando todo mundo. Não gostei dou um tiro. Mas não, nós somos seres civilizados, nós somos seres do laço social.

A guerra suspende essas interdições. Ela suspende essas civilidades e suspende o que é a solidariedade e a relação com o outro. Isso porque outra coisa que Freud mostra é que a pulsão de morte tende a desunião, a desagregação e a segregação. Eros que é outra pulsão que nós temos, tende a união ao amor, ao desejo. A união e a criação. Enquanto uma destrói, segrega e desune, a outra une. Só que isso faz parte do mesmo homem.

O que vemos hoje em dia, que é terrível, com o discurso desse fascismo atual, que é legitimação, quando tem um cara que ocupou o cargo mais alto de um estado, que tem como símbolo a arma na mão, já mostra que é para liberar aquilo que é de pior em nós. Eu digo pior, quando tem essa face de crueldade. Mas vou mostrar que não e só apenas a face de crueldade que tem essa pulsão de morte. Eu insisto muito, não sou do tipo, somos todos que votamos nesse aí. Não. Não somos todos que votamos nesse ai. O Brasil votou nesse aí. Não, não foi. Foram alguns, os incultos, e às vezes uns que sabiam o que estavam fazendo. Não é questão de falar disso agora.

Quero falar sobre a questão estrutural e de pensar que aquele, o mesmo homem que joga uma criança do sétimo andar é o mesmo que está com a outra mão impedindo que ela se esborrache no chão. Nós temos isso. Agora porque a gente não solta a mão. Quando está com raiva de seu filho porque não mata ele. Porque tem algo do amor que o impede e não quer ver aquilo destruído e não vai satisfazer seus impulsos assassinos. Evidentemente, você é um ser civilizado, é um ser ético.

O que nós vemos na guerra e podemos dizer, no fascismo, é algo muito próximo dessa pulsão que libera isso e estimula, e o que nós podemos dizer, é que a manifestação da pulsão de morte no indivíduo é uma coisa, no sujeito, na civilização e na cultura, é de outra ordem. Freud detectou no famoso livro dos anos 30, o mal-estar na cultura, que é o super-ego e o sentimento de culpa. Uma das maiores manifestações ai, dessa pulsão de morte porque o super-ego que cada um tem, castiga os próprios sujeitos, o ego, entende como sentimento de culpa. Isso parece na civilização e ele vai se desenvolver muito por aí.

Por isso que eu cunhei a expressão o ignorodio, que são as pessoas que tem ódio do saber do outro, tem ódio de quem faz conhecimento e que negam e são os negacionistas. Os negacionistas que essa pandemia – realmente o catastrófica – que é um desastre, que não é apenas uma gripezinha.

Só que hoje nós podemos dizer alguma outra coisa, as manifestações da pulsão de morte na civilização elas tendem a acabar com a civilização, a destruir a civilização. Elas se transformam em paixões. E aí eu queria trazer para vocês uma uma contribuição de Lacan e que tenho desenvolvido em outros lugares e acho muito apropriado. Lacan disse que existem três paixões do homem, o amor, o ódio e a ignorância. Sim, é surpreendente colocar a ignorância como uma paixão. Não é o que nós estamos vendo? A paixão que as pessoas têm de ser ignorantes, de negar a ciência, de negar o conhecimento; os terraplanistas e outros delirantes como tais, que não querem saber ,que não vão para debates, que não tem argumentação, que só tem memes e slogans, que são armas para destruir o conhecimento, que são formas de levantar a bandeira da ignorância contra o conhecimento e isso nós vemos que é uma paixão.

O anti-intelectualismo hoje virou uma grande paixão e o ataque, e o ódio junto. Eu diria que o amor está para Eros, assim como o ódio e a ignorância está para Tânato, a pulsão de morte. Por isso que eu cunhei a expressão o ignorodio, que são as pessoas que tem ódio do saber do outro, tem ódio de quem faz conhecimento e que negam e são os negacionistas. Os negacionistas que essa pandemia – realmente o catastrófica – que é um desastre, que não é apenas uma gripezinha. São os que tentam negar a realidade e negar o conhecimento e tem ódio de quem faz conhecimento e quem faz ciência. Então nós vemos que o ignoródio é uma manifestação na civilização dessa pulsão de morte. Terrível e regenciada. Nós sabemos que sendo regenciada com propósitos.

Nós sabemos que tem um propósito do capital devastador que veem tudo isso. Vai passar a boiada, vai acabando com a árvore, vai desmatando tudo e plantando soja. Então o que vamos pensar e quais são as manifestações que estão a céu aberto na nossa civilização de hoje? Na nossa de sensibilização no Brasil? São as políticas segregacionistas e é isso da pulsão de morte que tende a desunião. É um racismo que ataca, a misoginia o machismo, sexismo, homofobia, a transfobia, o cancelamento do outro como ser diferente.

Isso são manifestações dessa pulsão de morte e parece que não tem diques para conter… só que tem! Ai a gente pensa cadê a lei? Quais são os diques da civilização para conter isso? Nós temos a lei. Nós temos o judiciário. E Cadê o nosso judiciário? Nós temos a educação atacada como Escola sem Partido e temos a cultura, também muito atacada. Agora tem uma coisa interessante, entrando agora na parte propriamente dita da arte arte. A arte é uma forma de nós combatemos essas manifestações mortíferas, essa necrofilia do poder, essa necropolítica. É uma forma de ser um antídoto, talvez, um dique.

Mas mais do que isso e foi alguma uma coisa que Lacan percebeu e que desenvolveu de uma forma brilhante no seu Seminário a Ética da Psicanálise naonde que muito dedicado a questão da arte em que achei em Freud uma pequena passagem, quando responde a princesa Marie Bonaparte, que foi paciente dele e se transformou numa uma grande amiga, psicanalista, inclusive o salvou do nazismo em Viena e ajudou-o a se exilar em Londres, em que ele fala que a arte é uma forma de sublimar a pulsão de morte.

Então, é a partir de uma operação de esvaziamento daquilo que há, daquilo que é, que algo pode brotar dali, que não seria apenas as flores do mal, mas as flores da arte. As flores da arte nascem no campo devastado da pulsão de morte.

E Lacan desenvolve isso ao máximo. O que é arte? Qual é o campo propriamente da arte. Nós temos isso que é verdade, que Freud fala, que você coloca sua energia libidinal e erótica para criar. Mas tem algo que você realmente cria e não apenas copia, o que você faz. Tem que criar algo novo. O novo é o que é próprio da criação. O novo é criado do nada. ‘Ex-nihilo’ em latim. Então, é a partir de uma operação de esvaziamento daquilo que há, daquilo que é, que algo pode brotar dali, que não seria apenas as flores do mal, mas as flores da arte. As flores da arte nascem no campo devastado da pulsão de morte.

É do nada, para ter algo efetivamente novo. A criação vem da ordem do real lacaniano, pulsional, fora da linguagem, da ordem do afeto, fora da linguagem, que surge alguma coisa. Lacan vai trazer como exemplo disso a tragédia…. A tragédia grega e o primeiro livro sobre estética do mundo, sobre arte do mundo, que é poética de Aristóteles. É aonde tem a definição da tragédia de Aristóteles – só vou pegar alguns elementos – que é uma forma de colocação de uma ação em cena, que vai provocar na plateia, nos espectadores, a catarse do terror e da compaixão. Ou seja do medo, do terror, mais do que medo, o pânico, o terror, que inclui a pena, a piedade, a compaixão. Vai trazer esses elementos em cena. Encenar para os espectadores…

Freud o que diz, justamente a partir de Édipo – o rei, de Sófocles, aquilo o que o sujeito vê em cena é o seu inconsciente. Essas coisas terríveis que vemos fazem parte do nosso inconsciente. A arte é a possibilidade de transformar os terrores e horror cotidiano em arte. Não só como forma de sublimação de pulsão de morte, como também através da beleza estética que aquilo proporciona e do afeto que aquilo proporciona, tem algo de uma transmissão que a arte proporciona, que os gregos sabiam, um efeito didático, educativo, efeito moral, de uma transmissão, de uma lei.

Isso acontece, naquele campo de criação, que é um campo pode derivar a sua pulsão de morte a partir da criação estética. Não é à toa que nos momentos mais terríveis, de guerra, de ditadura, surge movimentos de criação de artistas, incríveis, derivação do medo, do terror, que brotam as flores da arte ao lado de todas as flores do mal, nesta floresta de devastação. Acontece com a pintura, o canto, algo que nos toca de real, do afeto. Só aquilo tem um poder, que não é só divertimento, vai muito mais do que isso.

Tomando o exemplo da Antigona, quero chamar atenção para esse campo que é o da pulsão de morte, que é o campo da tragédia propriamente falando e que o teatro, digo porque faço, do qual posso falar melhor. O teatro tem a particularidade, ao ser colocado em cena determinados conflitos, despertarem o espectador de uma maneira tal, que na rua está vendo a mendiga com o neném deitado no seu colo, que pode estar vivo ou morto, mas ele não é tão tocado porque é banalizado e de repente vai ao teatro e vê uma cena deste tipo e ele chora e é capaz de sair do teatro e ver a mesma cena e já a vê de outra maneira. Porque a arte tem essa propriedade de real, de tocar nos afetos e ao mesmo tempo transmitir alguma coisa intelectualmente.

Eu não acho que uma coisa seja independente da outra. Eu acho que toda a arte, ela é de uma certa forma didática além de tocar o sujeito. Didático no melhor sentido da palavra, não é para se opor ao artístico. Uso a palavra muito de transmissão de alguma coisa. Eu acho que a arte junta com o afeto com o intelecto. Então tem essa essa particularidade, de levar uma coisa banal a dignidade de uma coisa excepcional. De você ser tocado por aquilo. No surrealismo, no dadaísmo usava muito isso, André Breton trabalhou muito essa questão.

Então vamos tomar como exemplo a Antígona que já começa a peça com um erro trágico. O herói tem um erro trágico. O erro trágico dela é ter feito homenagens fúnebres ao irmão Polinices – dentro de uma luta fratricida entre Polinices e Etéocles, ele é o rei de Tebas depois da morte de Édipo e Polinices vem com um exército para tomar o reino porque Etéucles tinha prometido que eles iam fazer um revezamento do reino e não fez então eles tinha toda razão de atacar Tebas para para reaver o trono para ele. Nessa luta fratecida os dois morrem.

Creonte que é o irmão de Jocasta, na tio e cunhado de Édipo, toma o poder e ele proíbe que qualquer pessoa faça as honras fúnebres a Polinices e ainda faz todas as honras palacianas da morte Etéocles e Antígona faz as homenagens fúnebres ao seu morto querido irmão e vai contra a lei da cidade e ela diz que ela vai a partir da lei dos Deuses. Que na lei dos Deuses, que não se deixa uma pessoa morrer sem ser enterrada com o nome e sobrenome e lápide. Isso como não teve os nossos desaparecidos da ditadura, por isso que nós temos que retomar esse tema pensando nos nossos desaparecidos, nos sem lápide que não mereceram um o sepultamento porque isso é dito claramente porque quem não é sepultado com as honras fúnebres de um ser humano é uma carniça animal não ser humano.

Então Antigona faz esse ato de coragem de ir contra o tirano representado por Creonte e ela sabe que ela vai morrer. porque Creonte diz que quem fizesse isso morreria. Entãoa peça começa assim e vai até a morte dela. A peça é a trajetória de Antígona até o seu sepultamento porque ela é enterrada viva. Esse trajeto, percurso entre o ato e a morte efetiva da tumba, é esse campo aonde ela se desloca, que é esse campo do real, esse campo dessa pulsão de morte de devastação. Aonde aqui ela recebe como dizer, ela recebe o decreto da morte enquanto simbólica. Ela morreu ali. Mas ela não morreu completamente. Ela está no caminho, como diz Lacan, entre as duas mortes: entre a morte simbólica e a morte real. É ao longo disso que tem essa peça deslumbrante, essa obra de arte maravilhosa de Sofocles, que é o longo caminhar de Antígona entre as duas mortes.

Nisso o coro fica absolutamente extasiados as pessoas vem chamar Tirese, o povo vem falar com Creonte e ele diz que não. Ela vai ter que morrer porque descumpriu a minha ordem. Todos os dizendo que os deuses não permitiriam que fosse feito ao ser humano. Ela não tem ódio. Eu não sou feito para ódio, eu sou feito para Eros. Eu sou feita para amar. Então nesse aí e que tem algo também que vem chamando atenção que é muito bonito que o coro se refere a ela faz notar o brilho de Antígona, a beleza de Antígona. Não se trata de uma beleza física, ninguém sabe nem se a Antígona existiu, ela é um mito. Ela é uma personagem da peça, essa obra de arte que é a peça de Sófocles: Antígona. Ai fala de ineros que é o brilho de Eros, é o brilho do desejo. Ela brilha! Vejam o brilho no olhar de Antigona dessa e mulher prometida para o leito, para o amor, ela ia se casar, para o o amor ,está indo para tumba. Esse brilho, ato heróico propriamente porque é uma heroína que ela perpetrou com a coragem, audácia e que permitiu. Ela vai sem temor e sem piedade. Ela não teme a morte e também não tem autocompaixão.

Aí eu acho que a tragédia tem esse lado de transmissão que a arte traz e que mostra a conjunção da arte e da ética que traz de forma bela. Uma coisa que Aristóles fala do efeito trágico, não basta ir ao teatro só para sofrer. Aristóteles dizia que quando está identificado com o personagem tem terror que isso pode lhe acontecer. Mas quando tem um mínimo de distanciamento mas tem uma identificação, tem uma compaixão, tem pena. Não basta isso para ser arte. O que precisa é que a pessoa não so sinta aquilo, não só expurgo, catarse não é expurgo, é sentir na pele o que é estar naquele lugar.

O poder da arte, de ser um derivado da pulsão de morte, é também um antídoto da pulsão de morte.

Você muitas vezes pode ter passado em situações assim de fato ou até subjetivo. Mas além do terror, tem o entusiasmo. Esse afeto que é o gozo artístico, é um gozo dessa ordem. Não é sexual, de ficar molhada. Não é sexualizado. O gozo artístico que é o entusiasmo, no aspecto Dionisíaco que faz a arte. A arte tem o texto, o desenvolvimento que é a transmissão da ordem do saber e tem o dionisíaco que é o entusiasmo, que proporciona e que uma coisa aliada a outra tem efeito muito poderoso. O poder da arte de ser um derivado da pulsão de morte é também um antídoto da pulsão de morte. Em termos da arte sai mais fortalecido se está aberto para aquilo pode ser transformador e que é muito importante.

Eu realmente acredito no poder transformador da arte!

Texto transcrito por Mari Weigert do Encontro com Antonio Quinet

Política, cultura e arte. MST na transformação social

Devido a problemas técnicos o evento foi transferido para uma outra data.

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) é um dos maiores e mais articulados movimentos sociais da América Latina. Sua história é de muita luta pela terra e tem origem nas injustiças provocadas pela desigualdade, concentração de renda e pelo desrespeito ao homem do campo. O coordenador nacional da Brigada de Teatro do MST, Douglas Estevam, estará conosco neste domingo para falar sobre a importância que o MST dá a cultura e a arte como meios para alcançar a transformação social.

Douglas Estevam é formado em Direção teatral, História pela (UFFS) e Economia Política (Enff) e mestrando em Filosofia (USP), é membro do coletivo nacional de cultura do MST. Como coordenador de teatro participou do processo de formação com Augusto Boal. Também é co-organizador de Agitprop: Cultura Política, Lunatchárski: Revolução, Arte e Cultura e Teatro e Transformação Social.

Contaremos também com a participação de Felinto Procópio, conhecido como Mineirinho, que fará a apresentação artística. Mineirinho é apaixonado pela viola e como integrante também do MST já alegrou muita festa por lá. Para ele, a paixão pela viola define-se assim: retrata o lúdico de forma poética, canta o sertão, a felicidade e a alegria de viver. “A viola caipira tá ligada à essência da vida, a reprodução da vida, na sua essência e na sua beleza.” Fonte: MST.org

Vinicius Oliveira

Cantor, compositor, músico e pesquisador. Ao longo dos seus 10 anos de carreira já desenvolveu projetos musicais dos mais variados (tanto em solo como em grupo) visando dar vazão as suas diversas áreas de interesse.

Como compositor, foi um dos premiados em 2013 no Soulvision Festival ao lado do Trio de Couro e Cordas com a música “Com elegância”. Possui músicas gravadas por outros intérpretes e parcerias com compositores como João Cavalcanti, Rodolpho Dutra e Claudinho Guimarães. Ao lado de Raphael Moreira participou da criação da trilha sonora do musical infantil “Samba Menino” baseada em livro homônimo.

Entre 2013 e 2015 realizou 4 turnês para a Noruega ao lado do Trio de Couro e Cordas onde participando do musical “Samba Rund Bordet” e de concertos.

Dentre os shows que idealizou e participou podemos destacar: “De Conversa em Conversa – Uma homenagem a Haroldo Barbosa” (realizado em 2014 no Teatro Municipal de Niterói e que contou com a participação de grandes artistas como Nina Wirtti, Eduardo Gallotti e Humberto Araújo) e “Se todos fossem iguais ao poetinha- os sambas de Vinicius de Moraes”, apresentado em 2015 no SESC de Niterói e em 2019 no Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola.

Em 2020 foi o vencedor do Festival Sonora com a música “Menina Bela” Menescal e Arthur Maia.
Atualmente está em processo de gravação do seu primeiro disco autoral, apresentando um samba contemporâneo, com influencias do samba-jazz/bossa nova e que já conta com a participação e endosso de grandes nomes da música brasileira como Roberto Menescal e Arthur Maia.

Teatro Remoto e Resistência Artística

Os Estados Gerais da Cultura reúnem um grupo exemplar na produção de arte como militância em política e questões sociais, para falar sobre Teatro Remoto e Resistência Artística. Será um encontro memorável com a filha de Luiz Carlos e Olga Prestes, que carrega na sua trajetória parte relevante da história do comunismo no Brasil e junto com ela três nomes do mundo artístico, Fernanda, Vera e Fábio, que colocam em primeiro plano a poética da vida refinada pela arte.

Anita Leocadia Prestes nasceu em 27 de novembro de 1936 na prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim, na Alemanha nazista, filha dos revolucionários comunistas Luiz Carlos Prestes, brasileiro, e Olga Benario Prestes, alemã. Autora de vasta obra sobre a atuação política de Luiz Carlos Prestes e a história do comunismo no Brasil, é doutora em história social pela Universidade Federal Fluminense, professora do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes. Publicou, pela Ed. Boitempo Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro (2015), Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo (2017) e Viver é tomar partido: memórias (2019).

Vera Novello é atriz, autora, produtora e professora. Há 26 anos à frente da Lúdico Produções, realizou mais de 130 projetos de teatro, ballet, ópera, patrimônio. Em 2019 produziu e atuou em “Vianinha conta o último combate do homem comum” – dir. Aderbal Freire Filho no Sesc 24 de maio (SP). Escreveu em parceria com Ana Velloso o premiado musical infantil “O Choro de Pixinguinha”, que circulou no SESC Rio também em 2019. Durante a pandemia produziu espetáculos online como “Segredo de Justiça” inspirada no livro da Juíza Andréa Pachá; “The And”, de Isabel Cavalcanti de Cláudio Gabriel, a partir da obra de Beckett; “Mãe-De-Ninguém” projeto do grupo Yonis Magníficas; entre outras. Em 2021, atuou e produziu “Atlântida – uma radionovela”, em cartaz no Canal Sesc /Youtube.

Fábio Ferreria é diretor teatral, dramaturgo, tradutor e professor universitário. Escreveu crítica teatral em publicações como o Jornal do Brasil/Caderno B, Revista Bravo!, Revista Gesto e Revista Questão de Crítica. Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC Rio/ Universidade de Copenhagen. Professor da PUC Rio/Artes Cênicas e Letras, atuando também no Curso de Especialização em Arte e Filosofia, do Departamento de Filosofia, da PUC Rio. É diretor artístico da Cia Bufomecânica junto com Claudio Baltar. Criou os Festivais Rio
Cena Contemporânea e ArtCena: Processos de Criação. É curador internacional de artes da cena.
Pesquisador do Grupo de Estudos sobre Samuel Beckett, da USP/CNPq.

Fernanda Azevedo é atriz, professora e pesquisadora teatral. Mestre em teatro pela Unesp. Integrante Movimento de Teatro de Grupo de São Paulo e do Coletivo Comum.

O encontro contará com a dupla musical da Associação Zona Franca, Alejandra e Bruno Menagatti, uma Pensata na voz de Eduardo Tornaghi, abertura pelo cineasta Silvio Tendler, e mediadores.

Fogo no Museu

Rua 57 de Siron Franco

Nosso convidado do quadragésimo encontro dos Estados Gerais da Cultura, Siron Franco é uma definição da nossa missão: Com arte, ciência e paciência mudaremos o mundo. Com Arte, que é aquela capacidade de enxergar o além nas coisas, o outro lado, na beleza de transformar, criar algo que atraiam os olhares das pessoas e obriguem as suas cabeças a dor nó e duvidar das suas certezas e se espantar com o maravilhoso que está oculto nas coisas banais, muitas vezes.

Ciência, não como o termo que a sociedade ocidental se apropriou, ciência como compreensão do mundo. Isso está na obra de Siron o tempo todo. Ele está olhando para o mundo. Está conversando os fatos. Ele está mexendo com os problemas que existem e tomando ‘ciência’. Tomar ciência é conhecer e compreender, olhar para as coisas além de suas aparências. E paciência?

O cara está aí até hoje e este trabalho de transformação parece que não funciona nunca e a gente tem que pedalar, pedalar e pedalar.. Enfim, Siron Franco nosso exemplo para construção da cultura, para essa força transformadora que a militância cultural tem.

Siron Franco é um dos artistas mais importantes no cenário das artes plásticas do Brasil e também reconhecido internacionalmente. É pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte. Marcou em sua trajetória artística o testemunho de um tempo, sobretudo social e ambiental. Em 1974 foi considerado o melhor pintor nacional em sua participação na 12o. Bienal de São Paulo. No ano seguinte, com o prêmio viagem ao exterior, reside entre capitais européias e o Brasil.

Fogo no Museu

Siron Franco é um dos artistas mais importantes no cenário das artes plásticas do Brasil e também reconhecido internacionalmente. É pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte. Marcou em sua trajetória artística o testemunho de um tempo, sobretudo social e ambiental. Em 1974 foi considerado o melhor pintor nacional em sua participação na 12o. Bienal de São Paulo. No ano seguinte, com o prêmio viagem ao exterior, reside entre capitais européias e o Brasil.

Entre as obras que se destacam, a série Rua 57, sobre o acidente com Césio-137 em Goiânia na cidade onde nasceu, chama atenção para o maior acidente radioativo do país. Nesse trabalho ele reafirma o potencial da arte em registrar tragédias humanas e sociais. A série completa foi exposta na 33a. Bienal de São Paulo- 2018. Além das telas, Siron coloca em debate a importância dos médicos de Cuba em ações de amplo caráter social. “O paralelo entre Cuba e a obra de Siron é para refrescar a memória, para dar um ‘soco na boca do estômago’ de quem questiona a competência do sistema de saúde cubano”.  mais sobre o assunto em PanHoramarte.

O testemunho de Siron Franco na Rua 57 , nos remete a Cuba porque foram os médicos cubanos que trataram das pessoas atingidas pela radiação, considerando que era, na época, o único país no mundo a ter experiência em tratamentos adequados em casos de radiação. Quando ocorreu o vazamento de Chernobyl, na Russia, Cuba montou uma clínica próximo a Havana para atender mais de 3000 vítimas do acidente russo

O artista, hoje com 74 anos, acredita que a arte tem a finalidade de trazer dias melhores para o homem. Numa entrevista ao Itaú cultural ele afirmou : “eu tento, ao meu modo, testemunhar a minha época, o que faço é uma crônica subjetiva da época em que vivo”. Nesse aspecto vale lembrar que foi com o tema relacionado à tragédia do Césio-137 que enfrentou o maior desafio, o de pincelar algo que era invisível. “Quando lida com água, com o fogo, você vê o problema. Quando lida com o material radioativo não”. Fonte: Nexo.

Entre 1985 e 1987, faz direção de arte para documentários de televisão como Xingu, concebido por Washington Novaes, premiado com medalha de ouro no Festival Internacional de Televisão de Seul. Desde 1986, realiza monumentos públicos, baseados na realidade social do país. Entre 1992 e 1997, ilustra vários livros, como O Desafio do Branco, de Antonio Carlos OsórioO Forasteiro, de Walmir Ayala (1933-1991), e Contos que Valem uma Fábula: História de Animais Animados, de Katia Canton (1962), entre outros.

Culturas populares: um Brasil profundo

Os Estados Gerais da Cultura convidam para uma conversa com agentes culturais, artistas e pesquisadores do diverso e complexo campo das culturas populares no Brasil. O encontro acontecerá no domingo, dia 9 de maio, às 17h pelo canal do Youtube e FB.

Rejane Nóbrega (PB) apresentará um breve mapa das expressões e saberes tradicionais brasileiros e um histórico das políticas públicas para o campo das culturas populares no século XXI. Joana Corrêa (MG) abordará as singularidades de linguagens e cosmologias que o campo das culturas populares abarca. Rosildo Rosário (BA) trará perspectivas de afirmações Identitárias a partir das expressões populares. E Isaac Loureiro (PA) falará sobre a importância das políticas públicas para as culturas populares e o patrimônio imaterial, e o cenário atual de destruição dessas políticas pelo governo Bolsonaro.

Durante o encontro também serão exibidos alguns vídeos que homenageiam mestras, mestres, detentores e grupos relacionados aos saberes e expressões da cultura popular.

Rejane, Joana, Rosildo e Isaac se conheceram como militantes que apoiaram a construção de políticas públicas para as culturas populares em âmbito federal durante a gestão do Ministério da Cultura de Gilberto Gil e Juca Ferreira.

Isaac Loureiro

Pesquisador e ativista das culturas populares tradicionais amazônicas, educador popular, produtor cultural, consultor técnico na área de gestão cultural, membro da Irmandade do Carimbó de S. Benedito de Santarém Novo/PA, produtor do grupo de Carimbó “Os Quentes da Madrugada”, integrante do Comitê Gestor da Salvaguarda do Carimbó, coordenador da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro – movimento protagonizado pelos grupos e comunidades carimbozeiras do Pará que conquistou o registro do Carimbó como Patrimônio Imaterial Nacional. Atuou como coordenador regional na Rede Ação Griô Nacional e na Rede Nacional das Culturas Populares.

Joana Corrêa

Gestora cultural e doutora em antropologia. Foi uma das idealizadoras do Museu Vivo do Fandango, reconhecido pela Unesco como boa prática na salvaguarda de bens imateriais. Atualmente integra a equipe de gestão do Instituto Milho Verde (Serro) e atua como pesquisadora do processo de registro do Choro como patrimônio cultural brasileiro (Acamufec e CNFCP/IPHAN) É pesquisadora do núcleo de estudos Ritual e Sociabilidades Urbanas (PPGSA/UFRJ) e participa dos grupos de pesquisa acadêmica Observatório de Festas na Pandemia, Observatório de Patrimônio Cultural no Sudeste, MinasMundo e Mukuá – Laboratório sobre Vissungo.

Rejane Nóbrega

Gestora, militante e ativista cultural, pesquisadora das culturas tradicionais e populares brasileiras; arte educadora. Licenciada em Artes Visuais (FAP/PR); foi assessora de cultura da Comissão de Educação Cultura da Câmara dos Deputados; Assessora Especial da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC; Assessora da Secretaria de Cultura de SP; Diretora de Cultura de Campo Largo, PR; Assessora Especial de Cultura de Conde, PB.

Rosildo Rosário

Mestre do Grupo Cultural Chegança dos Marujos Fragata Brasileira, Professor, Pedagogo, Mestre em História da África da Diáspora e dos Povos Indígenas (UFRB). Atua como professor nas redes municipais de ensino das cidades de Santo Amaro e Saubara no Recôncavo da Bahia. Atuou como mediador cultural na implementação do Plano de Salvaguarda do Samba de Roda, sendo o primeiro. Coordenador Geral da Associação dos Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia. Coordenou o Processo de Patrimonialização dos Grupos de Cheganças, Marujadas e Lutas entre Mouros e Cristãos da Bahia. Atualmente é membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado da Bahia.

Artistas autistas

Ilustração de Fúlvio Pacheco. Texto/ poema: Eduardo Tornaghi

O que é a arte? Não sei….

É a manifestação por demais misteriosa.

Mas penso: o que seria, senão a busca do verso.

O verso…

O outro lado, o lado de dentro, o lado de lá, o oculto no aparente.

O lado maravilhoso cambiante na aparente fixidez prosaica da rotina cotidiana. O que é o artista?

Senão aquele que se dedica a ser antena e transmissor desse brilho.

O que é o autista? Não sei…

Manifestação por demais misteriosa.

Ahhh…. Manifestação por demais misteriosa!

Mas…. será que ele não é o outro lado?

Será que ele não é o verso?

Será que ele não é aquele nosso igual irmão que está lá… onde nós queremos chegar?

Dentro, o lado oculto das aparências, do concreto, o lado maravilhoso!

A vida nas coisas, o brilho!

Nós, artistas afinemos nossas antenas para entrar em contato com esse outro

Maravilhoso!

Pensata lida durante o Encontro: Representatividade dos Artistas Autistas

Consuelo de Paula

Consuelo de Paula é cantora, compositora, poeta, diretora artística e produtora musical de seus próprios trabalhos. Samba, Seresta e Baião (1998), lançado nos Teatros do SESC Pompéia e Ipiranga (SP); Tambor e Flor (2002), lançado no Theatro Ateneo da Argentina e no Teatro Paiol de Curitiba; Dança das Rosas (2004), lançado no Theatro Municipal de São Paulo e no Teatro Gran Rex de Buenos Aires.

Em junho de 2008 foi produzida no Japão a coletânea desses três álbuns, batizada de Patchworck, resultado de sua obra ter obtido destaque na capa do Guia Japonês Brasilian Music (Massato Asso), que selecionou os 500 melhores CDs da música brasileira de todos os tempos. Em 2011 Consuelo lançou seu primeiro livro, A Poesia dos Descuidos (Consuelo de Paula e Lúcia Arrais Morales), premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de SP, e também seu primeiro DVD Negra, gravado ao vivo no Teatro Polytheama de Jundiaí. Negra revela novas nuances na trajetória musical de Consuelo de Paula; expressa a pulsação, a alegria e a sensualidade sugeridas pela cor vermelha. Através da voz, Consuelo cria um espetáculo que sugere uma seqüência de quadros de um filme único e envolvente e o resultado é um trabalho sensorial, caloroso, que guarda a delicadeza já presente nas obras anteriores. Fonte: site Consuelo de Paula

A artista participou do Encontro com Bira CarvalhoFotografia e Acessibilidade na Periferia