Cineclube MuiraquitÃ: debate sobre o filme A Bolsa ou a Vida

O cineclube Muiraquità realiza nesta terça-feira(01), 19:30, o debate sobre o filme A Bolsa ou a Vida. No futuro pós pandemia do novo coronavírus, a centralidade será o cassino financeiro e acumulação de riqueza por uma elite ou uma vida de qualidade para todos, com menos desigualdade? O Estado mínimo se mostrou capaz de atender ao coletivo? Como garantir a vida sem direitos sociais e trabalhistas? Em qual modelo de sociedade queremos viver? “A Bolsa ou a Vida” aborda o desmonte do conceito de bem-estar social e nos faz refletir sobre a incompatibilidade do neoliberalismo com um projeto humanista de sociedade.

Debatedores: Silvio Tendler Maurício Fagundes (Soca) Hélène Pailhous Antero Cunha.

Apoio: Zeze sack – Vera perfeito Moema Coelho -Janine Malanski

Estamos na bifurcação. Em 2020, a pandemia da COVID-19 escancarou as mazelas de um modelo político-econômico que, desde a sua gênese, se anunciava incapaz de atender à coletividade. Afetadas por sucessivas crises financeiras globais e amparadas por poucos direitos sociais, milhões de pessoas em todo o planeta enfrentam o vírus em sistemas falidos que salvam bancos no lugar de garantir condições mínimas de bem-estar para a população. “A Bolsa ou a Vida” é um filme-manifesto que incorpora diferentes olhares em um quebra-cabeças sobre o Estado, a financeirização, a desigualdade, a vida nas cidades, nas florestas e no campo e as portas de saída para o pandemônio em que vivemos.

Silvio Tendler

Nem o isolamento por conta da pandemia foi capaz frear a inquietação do genial cineasta, seu pensamento crítico, utopias, sensibilidade diante das desigualdades sociais que não o deixam parar de documentar, sobretudo nesse momento sombrio na história da humanidade. O seu isolamento foi apenas físico, considerando que nunca esteve tão presente e ativo no mundo virtual. Pela internet coordenou ações, entrevistou, definiu filmagens, dados, vivências, opiniões nacionais e internacionais, para denunciar um sistema genocida que valoriza mais o mercado financeiro do que a vida.

O filme é comovente e ao mesmo tempo um ‘soco na boca do estômago’ de quem assiste, para fazê-lo acordar do marasmo ao qual se encontra e se perguntar que futuro deseja construir.

No futuro pós pandemia do novo coronavírus, a centralidade será o cassino financeiro e acumulação de riqueza por uma elite ou uma vida de qualidade para todos, com menos desigualdade? O Estado mínimo se mostrou capaz de atender ao coletivo? Como garantir a vida sem direitos sociais e trabalhistas? Em qual modelo de sociedade queremos viver?“, convida Silvio Tendler à reflexão.

Os entrevistados mostram a realidade nua e crua. Emocionam inúmeras vezes como o Padre Júlio Lancellotti que conta de uma família de moradores de rua e onde vivem penduraram um crucifixo num poste luz. “Apesar da miséria absoluta, eles têm fé”.

A indignação aflora quando Rita Von Hunty, professora e celebridade Drag Queen, fala que o número de bilionários no planeta conseguiriam acabar com a pobreza do dia para noite vezes sete. 

A reflexão surge quando a indígena Márcia  Mura, nos remete a ditadura de costumes e hábitos impostos pelo colonizador. Quando o  chefe do povo indígena Suruí, Almir Narayamoga, reconhece que a Terra e Água não podem ser privatizadas. A revolta é inevitável quendo o economista americano,  Jeffrey Sachs, fala sobre a fortuna de Jeff  Bezos, proprietário da Amazon, que cresceu em 2020 em 80 bilhões de dólares

Cineclube MuiraquitÃ: militares que foram contra o Golpe de 64

https://www.youtube.com/watch?v=uedU5PPxZRg

Num momento em que nossa democracia está em risco os Estados Gerais da Cultura, Caliban e Rádio Navarro, promovem a estreia do novo CineClube MuiraquitÃ, com um debate sobre o filme Militares da Democracia, de Silvio Tendler, nesta terça-feira, às 19:30, no Canal do Youtube da Rádio. O documentário, em cinco episódios de 50 minutos, revela os bastidores da trama que depôs o então presidente Jango Goulart em 31 de março de 1964, com depoimentos contundentes de militares que foram contra o Golpe Militar de 64, que resultou numa ditadura militar de 21 anos.

“Anos de Chumbo” assim ficou conhecido esse período, cujo comando do governo brasileiro era militar e pode ser considerado como uma mancha de sangue na história do Brasil deixando marcas que jamais serão esquecidas, sobretudo por aqueles que foram torturados e perderam seus ‘entes queridos’ pela violência e repressão de militares da extrema-direita. É um alerta à sociedade brasileira que pouco ou nada sabe a respeito dos oficiais que se opuseram ao golpe de 1964.

Um dos depoimentos é do capitão Sérgio Carvalho, o Sérgio Macaco, paraquedista da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Para-Sar, que se recusou a cumprir ordens do brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, em 1968, para explodir o gasômetro do Rio de Janeiro, dinamitar a represa de Ribeirão das Lages e jogar 40 líderes políticos no oceano para depois pôr a culpa na esquerda. Na lista dos alvos, estavam Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, D. Hélder Câmara e o líder estudantil Vladimir Palmeira. O filme pode visto pelo Canal Youtube Estados Gerais da Cultura ou pela Caliban, ou Rádio Navarro até a meia-noite do dia 25/10 (terça-feira).

O cineasta Silvio Tendler com mais de 300 documentários em seu currículo, entre eles JK, Jango e Tancredo, participa do debate. E ainda o jornalista e escritor Cid Benjamin, exilado que participou da luta armada e do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick no Rio. Também o general de brigada Bolivar Marinho Soares de Meirelles, preso e afastado das Forças Armadas ao se envolver na luta pela anistia dos militares cassados e perseguidos, além do economista Pedro Moreira Lima que falará de seu pai o brigadeiro da Aeronáutica Rui Moreira Lima, preso e cassado pelo golpe militar após a recusa de entregar a base aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, da qual era comandante.

Muiraquitã é o amuleto que Makunaími, personagem indígena que tornou-se conhecido dos brasileiros por intermédio do livro do escritor modernista Mário de Andrade Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Até então. Mas no mundo contemporâneo, que indígenas conseguiram ter mais voz, o artista plástico Jaider Esbell (1979-2021), que se coloca como neto de Makunaími, trata do personagem como um ser divino, incontornável do imaginário indígena da região de Circum-Roraima, na área da tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana.

‘Saúde tem cura’. Filme feito para todo brasileiro lutar pelo SUS

‘Saúde tem cura’ é o mais recente filme do cineasta Silvio Tendler, que emociona ao mostrar a luta histórica para criar o Sistema Único de Saúde (SUS). Não para por aí, vai mais além…É um filme que estimula o brasileiro a defender seu bem mais precioso e gratuito. #euamoSUS.

Silvio Tendler na estréia na Rio de Janeiro. Atrás a equipe que participou da elaboração do filme: Lilia Diniz, Ana Rosa Tendler, Taynara Mello, Tao Burity, Bruno Karvan. foto by Lilia Diniz

Roteiro excelente, ilustração, depoimentos e argumentação ao documentar a história, destacar a importância ao comparar o povo brasileiro sem assistência médica gratuita no passado, com hoje, cujo avanço em programas de vacinação, transplantes, e controle de doenças crônicas mudou nos números e mortalidade.  Isso sem citar as campanhas de vacinação que salvaram milhares de crianças e a atuação do SUS na pandemia.

Um filme que convence o brasileiro a lutar por sua manutenção e exigir do poder público mais investimentos. Tenho certeza disso, mesmo reconhecendo as lacunas e falhas do sistema.

O SUS é maior projeto de saúde pública do mundo. O brasileiro que ama seu próximo e defende a igualdade social dirá NÃO com todas as letras a sua privatização. 

‘Saúde tem Cura’ foi realizado em parceria com a Cebes e apoio da Fiocruz.  O documentário está disponível no canal de Youtube da produtora cinematográfica Caliban. Um filme que  aborda a potência e as fragilidades do Sistema Único de Saúde (SUS), o único sistema de saúde do mundo que atende a mais de 190 milhões de pessoas gratuitamente.  Conta com depoimentos de profissionais que participaram da sua criação; de médicos como Drauzio Varella, Paulo Niemeyer e Margareth Dalcolmo; de profissionais que atuam no dia a dia do sistema; de representantes da sociedade civil e de usuários”. 

“Vamos juntos nessa! Uma Frente para criar Forças AMADAS e Escola Superior de Paz “. Silvio Tendler

POR UM MUNDO DE PAZ:
uma proposta da Escola Superior de Paz dos Estados Gerais da Cultura

por Silvio Tendler

“Quelle connerie la guerre!”
(“Que babaquice a guerra!”) Jacques Prévert

Por um mundo sem a existência das Forças Armadas e no seu lugar Forças AMADAS. Por um mundo que a Escola Superior de Guerra seja transformada numa ESCOLA SUPERIOR DE PAZ.

Durante a pandemia, todos nós que saíssemos vivos tínhamos uma promessa de um mundo melhor. Já passa da hora de nos voltarmos a um crescimento centrado nas preocupações sociais humanitárias e voltado para o desenvolvimento sustentável. 


O século XXI chegou e as guerras continuam a colocar em risco a vida no planeta. Ainda pior, com uma potente aliada virtual, a guerra híbrida, que criou o lawfare e que inunda os lares e envenena a mente das pessoas com conteúdo tóxicos, mentiras e ódio verbal. Só privilegia regimes autoritários e enriquece as mega plataformas – mídias sociais. 

Acreditamos na UTOPIA  como acreditaram dois jovens, nos anos 60, ao criarem o movimento Provos.

Uma iniciativa que provocou grandes transformações na Holanda e inspirou importantes movimentos de contracultura no mundo. Tudo começou na década 60, na cidade de Haia, Holanda, quando os jovens, ainda estudantes e brincavam, viram passar mísseis da Otan. Ficaram surpresos ao ver o país ser ocupado por aquele arsenal nuclear.  Se o final da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coréia representavam um mundo de paz, o que era aquilo? Não estávamos a caminho de um mundo sem guerras?A resposta que receberam a esses questionamentos foi a expulsão da escola. O Provos começou a tomar forma, como provocação, porém pacífica. Diante da difusão de armas nucleares pela Europa e a ameaça à prometida paz, o grupo propunha a construção de uma sociedade alternativa ao mundo bélico.

Para eles, os movimentos anarquistas anteriores defendiam ideias já superadas pelo tempo. Decidiram, então, fazer um jornal e, para comprar uma máquina de escrever, um deles foi trabalhar em uma fábrica de cerveja, em Amsterdã, com a função de colocar chapinhas nas garrafas. Ao perguntar aos seus colegas operários o que fariam se fossem pagos para escrever, ler, pensar e se dedicar a atividades criativas, ouviu a negativa “nós não podemos abandonar nossa classe, não podemos abandonar o nosso trabalho”. Foi ali que perceberam que a conservadora classe operária jamais mudaria o mundo, e avançaram a discussão sobre os movimentos sociais, questionando as formas de contestação política tradicionais.

O primeiro ato que promoveram foi pintar uma bicicleta de branco e deixá-la pelas ruas de Amsterdã para uso coletivo, quem precisasse a usava. Foram acusados de tentar destruir o capitalismo e seus princípios essenciais de propriedade e lucro. O protesto ganhou vida própria e as bicicletas brancas se multiplicaram pela cidade. Publicaram um manifesto, que logo foi proibido pelo prefeito da cidade de ser distribuído. Os jovens, então, distribuíram rolos de papel higiênico sem palavras, aprofundando o protesto. Fundaram a “Igreja da Dependência Consciente da Nicotina”, cujo templo era aos pés da estátua Lieverdje, que representa um menino de rua, e havia sido doada para Amsterdã por uma indústria de tabaco responsável por uma quantidade expressiva de pessoas com doenças pulmonares. Lá, entoavam semanalmente o mantra “cof, cof, cof, cof”, dançavam, cantavam, jogavam e faziam discursos, o que virou a religião do Cof-cof.

Seus protestos, inteligentes e pacíficos, continuamente denunciavam a violência policial. A popularidade dos Provos chegou ao nível de tornarem-se uma atração turística. Com isso, consideraram que suas ações começaram a servir ao capitalismo e decidiram pela dissolução do grupo, mas como uma pedra que se joga num lago de águas plácidas e provoca ressonâncias, novas ideias espraiaram mundo afora. Guy Debord, filósofo e sociólogo, escreveu “A Sociedade do Espetáculo” inspirado nesses movimentos. Também foram a fonte da Internacional Situacionista.

As guerras só se justificam contra as tiranias. Contra a violência dos tiranos, não há paz possível. Hoje, o mundo observa perplexo o recrudescimento dos movimentos fascistas em todas as partes. Lutar contra esses movimentos é tarefa essencial de todos os democratas. Na Europa, plantam-se raízes para uma terceira guerra mundial. No conflito entre EUA, Rússia, Ucrânia e Otan, não há mocinhos nem bandidos. Em todos os territórios, quem perde é o povo.

Biden “precisa salvar a economia” instigando mais um conflito de proporções globais. Incita a guerra entre Rússia e Ucrânia para vender armas da indústria bélica americana e assim gerar emprego nos EUA, ao mesmo tempo em que testa a eficácia de suas armas às custas do sangue alheio, para no futuro ainda serem pagos pelos ucranianos a um “preço justo” pela “gentileza” de terem cedido o armamento.

Putin “precisa provar” algo que o leva a destruir, sem cerimônia, casas e habitantes do país vizinho. Caso seja derrotado, terá que assumir com os EUA uma dívida de guerra. Zelensky é o tolo que puxa o saco dos EUA e da Europa às custas da vida de seu povo. A Otan, instrumento criado durante a Guerra Fria para lutar contra o comunismo, mesmo depois do fim da URSS, continua mobilizada e agressiva, incentivando o ódio e ameaçando nações.  

Todos posam de santo em uma guerra que de santa não tem nada. A “neutra” Suécia vende aviões militares para o Brasil. A “neutra” Finlândia leva água das veredas de nosso sertão sob a forma de eucalipto para fabricar papel, assassinando a natureza através do desequilíbrio ecológico que provocam. Uma guerra onde toda a população perde e só os governantes, que não estão nas frentes de batalha, tem seus ganhos. Nada disso se justifica em 2022!


Enquanto isso, um “tiranossauro fascista” na presidência do Brasil e seu grupo de devotos aniquilam o país à força, destruindo a natureza, os seres humanos e as fibras da sociedade. Em pleno ano de eleição, ameaçam nosso tão arduamente reconquistado direito ao voto. Através da truculência como arma de persuasão, ensaiam um golpe de estado que arruinará o pouco de democracia que ainda nos resta. Junto a ele, as Forças Armadas do Brasil, tradicionalmente se posicionam contra os interesses dos brasileiros, com um modelo militar arcaico e de formação antidemocrática. E ainda, a cobiça pela Amazônia – menos pelo que ela representa para a natureza, e mais pela exploração de seus valiosos recursos – é o que pode fazer do Brasil foco da iminente terceira guerra mundial.

Sejamos inteligentes! Só uma outra sociedade poderá nos salvar de toda a destruição que nos vem sendo imposta! 
A política que precisamos é a dissolução das Forças Armadas, transformando-as em Forças AMADAS, em defesa da vida. Uma academia que, em vez de guerra, promova a paz e resguarde seres humanos, mamíferos, carnívoros, granívoros, minerais, vegetais, líquidos, sólidos, gasosos… As academias militares convertidas em academias de preservação da vida nos livrarão da política predatória que concentra dinheiro nas mãos de poucos em detrimento de todo um ecossistema. A Escola Superior de Guerra extinta e a fundação de uma Escola Superior de Paz é o que efetivamente poderá proteger a todos e todas que ocupam esse planeta chamado Terra, nesse pedacinho chamado Brasil. Concentrar nossas forças na valorização à vida é o que de fato nos fará melhores!

A construção de uma nova sociedade, uma sociedade harmônica, focada na civilidade, é o nosso objetivo. Educação e moradia de qualidade, emprego, água limpa, saneamento básico, saúde, arte, cultura e tecnologia a serviço de todos! Corro o risco de cometer uma heresia, porém, afirmo: o que é ruim não é o agronegócio, mas sim o latifúndio improdutivo, a imensa concentração de propriedades nas mãos de apenas alguns, que impedem que milhões tenham acesso à terra para viver e cultivar. O que é ruim é o uso de agrotóxicos, que envenena e mata todo tipo de vida sobre a terra. O que é ruim não é a indústria da construção, mas a destruição inescrupulosa dos ecossistemas, a exploração das terras de nossos povos originários pela mineração absolutamente predatória, que assassina, que ceifa vidas, que destrói a natureza. O valor da propriedade urbana deve ser medido pela necessidade de fornecer moradia a todos, e não como produto para uma mera especulação imobiliária.

A todos que trazem dentro de si a certeza sobre a preciosidade de nossas vidas, convido a endossar esse manifesto. A criação de uma frente que una todos em defesa da democracia, que junte todas as forças anti-fascistas, é fundamental nesse momento para evitarmos o pior. 


Uma FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA!  Essa chamada, essa frente, é uma convocatória àqueles que queiram se juntar em defesa do direito de viver, a todos que reconhecem a importância de seguir em frente com nossos princípios: com arte, ciência e paciência mudaremos o mundo! Escrevo com a certeza de que cabemos todos nesse imenso território chamado Brasil. Vida acima de tudo!

Silvio Tendler é cineasta e autor de memoráveis documentários sobre ativismo social e político. Também idealizador dos Estados Gerais da Cultura, movimento criado para contrapor as medidas de destruição aniquilamento da cultura brasileira colocado em prática no governo de Jair Bolsonaro. Siga o EGC nos Youtube, Instagram, Facebook, Twitter. As obras de Silvio Tendler, filmes como Jango (premiado), A Bolsa ou a Vida, sobre a pandemia, estão disponível em seu canal Calibancinema (clique aqui)

1º de Maio. Nossa Homenagem!

foto by FreePik

Os Estados Gerais da Cultura homenageiam todos os trabalhadores e trabalhadoras neste 1º de maio de 2022 por intermédio da atriz Bete Mendes, que é a nossa voz nesta mensagem de estímulo e admiração ao povo que constroe com o seu labor, força de trabalho esse país de dimensões continentais. Em especial aos profissionais e artistas que mesmo durante todo o tipo de dificuldades enfrentadas pela pandemia e pelo desmantelamento da cultura brasileira por um governo necropolítico, nunca deixaram de criar, produzir arte, poetizar o mundo para que as pessoas não percam a capacidade de sonhar e acreditar em utopias. “Nós, com filmes, canções, peças de teatro, esculturas, livros, telas continuaremos lutando por um mundo melhor”, disse Silvio Tendler.

A atriz Bete Mendes, que os Estados Gerais da Cultura têm orgulho de ter como integrante, é voz atuante na luta pelos direitos humanos e figura entre as maiores estrelas da televisão brasileira. O vídeo é uma produção do coletivo EGC, com o apoio e organização da produtora cultural Janine Malanski, edição e montagem técnica do professor de Tecnologia do EBTT, Rubens Ragone.

Somos um movimento amplo e plural em defesa da arte e cultura como valores coletivos, públicos, um direito constitucional e universal. Somos pela liberdade e a paz dos povos, sem distinção de raça, credos e nacionalidade. Nosso lema é: “Com arte, ciência e paciência mudaremos o mundo”.

Como furar a bolha e sair do quadrado?

Os Estados Gerais da Cultura retomam a sua pauta inicial com “Arte, Ciência e Paciência mudaremos o mundo” e juntos propõem a todos “sair da nossa bolha, da nossa caixinha”, como diz o cineasta Silvio Tendler, que motivou a criação do coletivo e ir em busca de um futuro melhor, principalmente num mundo que inventa e faz guerras. Nada melhor que estimular um debate sobre que futuro esperamos ou queremos construir para nós, junto com o professor, João Cézar de Castro Rocha, autor do livro Guerra Cultural e Retórica do Ódio, e com a filósofa e psicanalista Márcia Tiburi. Eles irão trazer suas experiências e ideias e você também poderá participar e contribuir com nossa proposta neste domingo (20), às 17h!

Um chamamento necessário e fundamental na visão do cineasta Silvio Tendler e que faz sentido para artistas, intelectuais e toda as gentes que integram o coletivo porque é o retorno ao rumo original dos Estados Gerais da Cultura. “Agora que o mundo está convulsionado em guerra e considerando que o EGC nasceram propondo a ESCOLA SUPERIOR DE PAZ ao invés da Escola Superior de Guerra, FORÇAS AMADAS no lugar das Forças Armadas, está na hora de pensar no futuro”, conclama Tendler. “Por algum tempo ficamos presos às pautas semelhantes a tantos movimentos e organizações que existem e que em quase todas e todos essas pautas são motivo de militância. Vamos tentar sair do nosso quadrado e alcançar o futuro”.

João Cézar de Castro Rocha é professor titular de Literatura Comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É Doutor em Letras pela UERJ (1997) e em Literatura Comparada pela Stanford University (2002), pesquisador 1D do CNPq e foi Presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC, 2016-2017). Seu trabalho foi traduzido para o inglês, mandarim, espanhol francês, italiano e alemão. Autor de 13 livros, entre os quais Guerra Cultural e retórica do ódio. Crônicas de um Brasil póspolítico (Editora Caminhos, 2020).

Márcia Tiburi é uma filósofa, artista plástica, professora universitária, escritora e política brasileira. É autora de obras importantes do pensamento crítico contemporâneo, tais como Complexo de vira-lata (Civilização Brasileira, 2021), Feminismo em comum: para todas, todes e todos (Rosa dos Tempos, 2018), Ridículo político: uma investigação sobre o risível, a manipulação da imagem e o esteticamente correto (Record, 2017) e Como conversar com um fascista: reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro (Record, 2015). Atualmente leciona na Universidade Paris 8 e se dedica à literatura e às artes visuais.

Barbatuques é reconhecido mundialmente pela música e percussão corporal. O grupo estará no encontro com Marcia e João Cézar para mostrar que a arte transforma e torna o mundo mais bonito. A música do grupo é produzida apenas com o corpo: palmas, estalos, vozes, pés e diversas outras técnicas que criaram, resultando em uma sonoridade singular e impactante.

No palco, o Barbatuques traz um show com repertório especial, que circula por todos os trabalhos já lançados pelo grupo. Clássicos dos primeiros discos como Baianá (hit que ganhou o mundo), Barbapapa´s groove, Carcará e Baião Destemperado, juntam-se ao repertório mais recente que traz músicas como Ayú, Skamenco, Kererê e Você Chegou (Rio 2). Um apanhado rítmico que representa a sonoridade do grupo desde a sua criação. O grupo se apresenta pelo mundo, fazendo shows para todos os públicos, oficinas e atividades pedagógicas para perfis variados e projetos para crianças.

Mulheres vão à luta na ABI

Os Estados Gerais da Cultura apoiam a candidatura de Cristina Serra, para presidente e Helena Chagas, como vice pela chapa Democracia e Renovação na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), com eleição prevista para o final de abril. No encontro neste domingo (13), às 17h, as duas convidadas estarão colocando para debate suas propostas frente a ABI. Se eleitas, serão as primeiras mulheres no comando da instituição desde sua criação. A chapa tem o apoio da atual diretoria, que dirigida por Paulo Jeronimo de Souza, o Paje, resgatou a importância político-social da instituição num momento tão grave e decisivo para o Brasil.

Cristina Serra é jornalista e filiada à entidade desde a sua formação profissional. É colunista da Folha de São Paulo e autora dos livros Tragédia de Mariana, a história do maior desastre ambiental do Brasil e Mata Atlântica e o mico-leão-dourado. Helena Chagas é também jornalista e foi ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República do Brasil durante o governo Dilma Rousseff. Hoje é consultora de comunicação e escreve esporadicamente para o blog no Noblat.

 “A ABI tem um papel histórico de lutas em defesa da democracia. Na época das Diretas, ela teve um papel muito importante. O presidente era o Barbosa Sobrinho, um senhor de bastante idade que participou ativamente da campanha. Eu era estudante de jornalismo, via a atuação dele, achava inspirador. Me sentia muito representada por aquele senhor de terno, cabeça branca. Mas ele falava por mim, naquele momento, como cidadã, eu me sentia representada por ele e mais ainda como jornalista. E por isso me associei a ABI”, conta Cristina em uma entrevista ao Portal da Imprensa. 

Sobre os projetos que defende para a ABI coloca num primeiro plano a luta pela democracia. “O programa que defendo, e tem o apoio de várias pessoas, e da atual diretoria inclusive – mas não só, já tenho conversado sobre isso com muitos colegas, em primeiro lugar, defesa a democracia. Em segundo lugar, recuperar a ABI do ponto de vista material e financeiro.” 

OTAN? Pra quê?

OTAN? Pra quê? é a pergunta feita pelos Estados Gerais da Cultura como provocação para intensificar os debates e analisar questões significativas sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, como também marcar o retorno das atividades na militância dos assuntos que envolvem cultura, arte, política e sociedade. Afinal o que está por trás e qual é a responsabilidade da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na atual invasão da Ucrânia pela Rússia? A aliança militar ajudou a manter a paz ou está no centro de toda a guerra que vemos hoje?

A economista Marta Skinner, que é mestre e doutora em Ciências Políticas pela IUPERJ, e o historiador Gilberto Marigoni, também professor associado de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), são os convidados dos EGC que deverão sugerir respostas em torno do assunto neste domingo (06), às 17horas.

Marta possui publicações em livros e revistas especializadas além de ser integrante do grupo Resistência Carbonária, um coletivo em defesa da democracia e do estado de direito e de fazer parte da ABED (Associação Brasileira de Economistas pela Democracia). Marigoni é autor/organizador, entre outros, de “A volta do Estado planejador – Neoliberalismo em xeque” (Contracorrente, 2022). Foi bolsista no IPEA, entre 2008 e 2011, e editor da revista Desafios do Desenvolvimento, da mesma instituição. É coordenador do Observatório de Política Externa e inserção Internacional do Brasil (OPEB-UFABC).

Encontros temporariamente suspensos

Visite nosso canal no Youtube para assistir nossos 62 encontros

Os encontros dos Estados Gerais da Cultura estão temporariamente suspensos. Uma parada necessária para reformular nossa linguagem e estabelecer novas estratégias de ação. A luta foi intensa durante esses 12 meses de encontros dominicais que fechou em 62 debates sobre cultura, política, literatura, entre outros temas. Como movimento plural composto por artistas, intelectuais, professores e simplesmente pessoas que não aceitam o retrocesso cultural que se vive em função das políticas de desvalorização da identidade de nosso povo, reafirmamos a nossa proposta em defesa da arte e da cultura. Colocamos abaixo trechos da Carta de Princípios do EGC porque vale a pena ler de novo:

Uma elite gananciosa que quer tudo para ela e nada para o povo. O povo vive mal, frequenta um SUS fragilizado há anos e escolas ineficientes, fruto do congelamento de investimentos públicos. A arte, a cultura e a ciência estão condenadas pela censura econômica e política e por uma doutrina terraplanista.

Volta Galileu e vem educar esta gente! (…)

O futuro é nosso, cabe a nós decidirmos

‘Estados Gerais da Cultura’,movimento coletivo, autônomo e independente, existe para ajudar a construir o nosso futuro; sermos os verdadeiros protagonistas da nossa História.

Que futuro queremos no mundo que emergirá do pós-pandemia? Um mundo solidário em que a centralidade seja o ser humano e a natureza ou continuaremos reféns do cassino financeiro? A reconstrução do Ministério da Cultura é apenas um primeiro passo necessário para o restabelecimento da nossa unidade como agentes culturais. (…)

Somos todos Sacis

Não é por acaso que o saci estará presente no dia 31 de outubro. O símbolo dos Estados Gerais da Cultura, ilustração de Fúlvio Pacheco, será tema do nosso encontro-celebração que marcará uma pausa nos bate-papos de domingo. “Xô Haloim”, diz saci. Xô cultura que não é nossa e que foi imposta pelo consumo. Portanto, ‘Somos todos Sacis’- poderá ser afirmação ou pergunta – e nossos seguidores só descobrirão se assistirem o debate que será apresentado pelo professor e historiador, José Carlos S. B, Meihy, um dos idealizadores da Associação Brasileira e História Oral (ABHO).

Como Saci, nosso lendário personagem, esperto e que adora molecagens num contínuo aparecer e desaparecer mágico, os Estados Gerais da Cultura deixarão de apresentar os encontros dominicais por um tempo, para repor e energias e buscar novas linguagens de ação. O movimento estará sempre em alerta na luta em defesa da cultura brasileira.

“Xô governo genocida”.

José Carlos S. B. Meihy é professor aposentado do Departamento de História da Universidade de São Paulo, onde obteve os títulos de doutor e livre-docente e titular respectivamente em 1975, 1981 e 1992. Ocupou, na USP, a cadeira de História Ibérica e ministrou diversas disciplinas correlatas, tais como “Guerra Civil Espanhola” e “Modernidade e Conquistas Ultramarinas Portuguesas“. Atuou como professor/pesquisador visitante em diversas universidades fora do Brasil, como Standford, Miami e Columbia nos Estados Unidos e na África na Universidade Agostinho Neto, em Angola. Pioneiro nos estudos de história oral no Brasil, foi um dos idealizadores da Associação Brasileira e História Oral (ABHO), tendo sido diretor regional Sudeste nos biênios de 1994-1996 e 1996-1998. Atualmente é coordenador do Núcleo de Estudos em História Oral da USP (NEHO-USP). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Oral, História Moderna e Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: história oral, teoria e metodologia, cultura brasileira, guerra civil espanhola, literatura e movimentos migratórios. Desenvolve pesquisas sobre processos migratórios em geral, com ênfase no tema dos deslocamentos de brasileiros fora do Brasil.

Neste encontro-celebração todo o coletivo estará junto e fará coro com o cineasta Silvio Tendler, na abertura, que com ‘Arte, Ciência e Paciência mudaremos o mundo’. O poeta e ator Eduardo Tornaghi conduzirá a pensata do dia, a mediação de Janine Malanski e na apresentação musical, o ritmo será conduzido pelos artistas Cardo Peixoto e Sol Bueno.