“Vamos juntos nessa! Uma Frente para criar Forças AMADAS e Escola Superior de Paz “. Silvio Tendler

POR UM MUNDO DE PAZ:
uma proposta da Escola Superior de Paz dos Estados Gerais da Cultura

por Silvio Tendler

“Quelle connerie la guerre!”
(“Que babaquice a guerra!”) Jacques Prévert

Por um mundo sem a existência das Forças Armadas e no seu lugar Forças AMADAS. Por um mundo que a Escola Superior de Guerra seja transformada numa ESCOLA SUPERIOR DE PAZ.

Durante a pandemia, todos nós que saíssemos vivos tínhamos uma promessa de um mundo melhor. Já passa da hora de nos voltarmos a um crescimento centrado nas preocupações sociais humanitárias e voltado para o desenvolvimento sustentável. 


O século XXI chegou e as guerras continuam a colocar em risco a vida no planeta. Ainda pior, com uma potente aliada virtual, a guerra híbrida, que criou o lawfare e que inunda os lares e envenena a mente das pessoas com conteúdo tóxicos, mentiras e ódio verbal. Só privilegia regimes autoritários e enriquece as mega plataformas – mídias sociais. 

Acreditamos na UTOPIA  como acreditaram dois jovens, nos anos 60, ao criarem o movimento Provos.

Uma iniciativa que provocou grandes transformações na Holanda e inspirou importantes movimentos de contracultura no mundo. Tudo começou na década 60, na cidade de Haia, Holanda, quando os jovens, ainda estudantes e brincavam, viram passar mísseis da Otan. Ficaram surpresos ao ver o país ser ocupado por aquele arsenal nuclear.  Se o final da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coréia representavam um mundo de paz, o que era aquilo? Não estávamos a caminho de um mundo sem guerras?A resposta que receberam a esses questionamentos foi a expulsão da escola. O Provos começou a tomar forma, como provocação, porém pacífica. Diante da difusão de armas nucleares pela Europa e a ameaça à prometida paz, o grupo propunha a construção de uma sociedade alternativa ao mundo bélico.

Para eles, os movimentos anarquistas anteriores defendiam ideias já superadas pelo tempo. Decidiram, então, fazer um jornal e, para comprar uma máquina de escrever, um deles foi trabalhar em uma fábrica de cerveja, em Amsterdã, com a função de colocar chapinhas nas garrafas. Ao perguntar aos seus colegas operários o que fariam se fossem pagos para escrever, ler, pensar e se dedicar a atividades criativas, ouviu a negativa “nós não podemos abandonar nossa classe, não podemos abandonar o nosso trabalho”. Foi ali que perceberam que a conservadora classe operária jamais mudaria o mundo, e avançaram a discussão sobre os movimentos sociais, questionando as formas de contestação política tradicionais.

O primeiro ato que promoveram foi pintar uma bicicleta de branco e deixá-la pelas ruas de Amsterdã para uso coletivo, quem precisasse a usava. Foram acusados de tentar destruir o capitalismo e seus princípios essenciais de propriedade e lucro. O protesto ganhou vida própria e as bicicletas brancas se multiplicaram pela cidade. Publicaram um manifesto, que logo foi proibido pelo prefeito da cidade de ser distribuído. Os jovens, então, distribuíram rolos de papel higiênico sem palavras, aprofundando o protesto. Fundaram a “Igreja da Dependência Consciente da Nicotina”, cujo templo era aos pés da estátua Lieverdje, que representa um menino de rua, e havia sido doada para Amsterdã por uma indústria de tabaco responsável por uma quantidade expressiva de pessoas com doenças pulmonares. Lá, entoavam semanalmente o mantra “cof, cof, cof, cof”, dançavam, cantavam, jogavam e faziam discursos, o que virou a religião do Cof-cof.

Seus protestos, inteligentes e pacíficos, continuamente denunciavam a violência policial. A popularidade dos Provos chegou ao nível de tornarem-se uma atração turística. Com isso, consideraram que suas ações começaram a servir ao capitalismo e decidiram pela dissolução do grupo, mas como uma pedra que se joga num lago de águas plácidas e provoca ressonâncias, novas ideias espraiaram mundo afora. Guy Debord, filósofo e sociólogo, escreveu “A Sociedade do Espetáculo” inspirado nesses movimentos. Também foram a fonte da Internacional Situacionista.

As guerras só se justificam contra as tiranias. Contra a violência dos tiranos, não há paz possível. Hoje, o mundo observa perplexo o recrudescimento dos movimentos fascistas em todas as partes. Lutar contra esses movimentos é tarefa essencial de todos os democratas. Na Europa, plantam-se raízes para uma terceira guerra mundial. No conflito entre EUA, Rússia, Ucrânia e Otan, não há mocinhos nem bandidos. Em todos os territórios, quem perde é o povo.

Biden “precisa salvar a economia” instigando mais um conflito de proporções globais. Incita a guerra entre Rússia e Ucrânia para vender armas da indústria bélica americana e assim gerar emprego nos EUA, ao mesmo tempo em que testa a eficácia de suas armas às custas do sangue alheio, para no futuro ainda serem pagos pelos ucranianos a um “preço justo” pela “gentileza” de terem cedido o armamento.

Putin “precisa provar” algo que o leva a destruir, sem cerimônia, casas e habitantes do país vizinho. Caso seja derrotado, terá que assumir com os EUA uma dívida de guerra. Zelensky é o tolo que puxa o saco dos EUA e da Europa às custas da vida de seu povo. A Otan, instrumento criado durante a Guerra Fria para lutar contra o comunismo, mesmo depois do fim da URSS, continua mobilizada e agressiva, incentivando o ódio e ameaçando nações.  

Todos posam de santo em uma guerra que de santa não tem nada. A “neutra” Suécia vende aviões militares para o Brasil. A “neutra” Finlândia leva água das veredas de nosso sertão sob a forma de eucalipto para fabricar papel, assassinando a natureza através do desequilíbrio ecológico que provocam. Uma guerra onde toda a população perde e só os governantes, que não estão nas frentes de batalha, tem seus ganhos. Nada disso se justifica em 2022!


Enquanto isso, um “tiranossauro fascista” na presidência do Brasil e seu grupo de devotos aniquilam o país à força, destruindo a natureza, os seres humanos e as fibras da sociedade. Em pleno ano de eleição, ameaçam nosso tão arduamente reconquistado direito ao voto. Através da truculência como arma de persuasão, ensaiam um golpe de estado que arruinará o pouco de democracia que ainda nos resta. Junto a ele, as Forças Armadas do Brasil, tradicionalmente se posicionam contra os interesses dos brasileiros, com um modelo militar arcaico e de formação antidemocrática. E ainda, a cobiça pela Amazônia – menos pelo que ela representa para a natureza, e mais pela exploração de seus valiosos recursos – é o que pode fazer do Brasil foco da iminente terceira guerra mundial.

Sejamos inteligentes! Só uma outra sociedade poderá nos salvar de toda a destruição que nos vem sendo imposta! 
A política que precisamos é a dissolução das Forças Armadas, transformando-as em Forças AMADAS, em defesa da vida. Uma academia que, em vez de guerra, promova a paz e resguarde seres humanos, mamíferos, carnívoros, granívoros, minerais, vegetais, líquidos, sólidos, gasosos… As academias militares convertidas em academias de preservação da vida nos livrarão da política predatória que concentra dinheiro nas mãos de poucos em detrimento de todo um ecossistema. A Escola Superior de Guerra extinta e a fundação de uma Escola Superior de Paz é o que efetivamente poderá proteger a todos e todas que ocupam esse planeta chamado Terra, nesse pedacinho chamado Brasil. Concentrar nossas forças na valorização à vida é o que de fato nos fará melhores!

A construção de uma nova sociedade, uma sociedade harmônica, focada na civilidade, é o nosso objetivo. Educação e moradia de qualidade, emprego, água limpa, saneamento básico, saúde, arte, cultura e tecnologia a serviço de todos! Corro o risco de cometer uma heresia, porém, afirmo: o que é ruim não é o agronegócio, mas sim o latifúndio improdutivo, a imensa concentração de propriedades nas mãos de apenas alguns, que impedem que milhões tenham acesso à terra para viver e cultivar. O que é ruim é o uso de agrotóxicos, que envenena e mata todo tipo de vida sobre a terra. O que é ruim não é a indústria da construção, mas a destruição inescrupulosa dos ecossistemas, a exploração das terras de nossos povos originários pela mineração absolutamente predatória, que assassina, que ceifa vidas, que destrói a natureza. O valor da propriedade urbana deve ser medido pela necessidade de fornecer moradia a todos, e não como produto para uma mera especulação imobiliária.

A todos que trazem dentro de si a certeza sobre a preciosidade de nossas vidas, convido a endossar esse manifesto. A criação de uma frente que una todos em defesa da democracia, que junte todas as forças anti-fascistas, é fundamental nesse momento para evitarmos o pior. 


Uma FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA!  Essa chamada, essa frente, é uma convocatória àqueles que queiram se juntar em defesa do direito de viver, a todos que reconhecem a importância de seguir em frente com nossos princípios: com arte, ciência e paciência mudaremos o mundo! Escrevo com a certeza de que cabemos todos nesse imenso território chamado Brasil. Vida acima de tudo!

Silvio Tendler é cineasta e autor de memoráveis documentários sobre ativismo social e político. Também idealizador dos Estados Gerais da Cultura, movimento criado para contrapor as medidas de destruição aniquilamento da cultura brasileira colocado em prática no governo de Jair Bolsonaro. Siga o EGC nos Youtube, Instagram, Facebook, Twitter. As obras de Silvio Tendler, filmes como Jango (premiado), A Bolsa ou a Vida, sobre a pandemia, estão disponível em seu canal Calibancinema (clique aqui)

Como furar a bolha e sair do quadrado?

Os Estados Gerais da Cultura retomam a sua pauta inicial com “Arte, Ciência e Paciência mudaremos o mundo” e juntos propõem a todos “sair da nossa bolha, da nossa caixinha”, como diz o cineasta Silvio Tendler, que motivou a criação do coletivo e ir em busca de um futuro melhor, principalmente num mundo que inventa e faz guerras. Nada melhor que estimular um debate sobre que futuro esperamos ou queremos construir para nós, junto com o professor, João Cézar de Castro Rocha, autor do livro Guerra Cultural e Retórica do Ódio, e com a filósofa e psicanalista Márcia Tiburi. Eles irão trazer suas experiências e ideias e você também poderá participar e contribuir com nossa proposta neste domingo (20), às 17h!

Um chamamento necessário e fundamental na visão do cineasta Silvio Tendler e que faz sentido para artistas, intelectuais e toda as gentes que integram o coletivo porque é o retorno ao rumo original dos Estados Gerais da Cultura. “Agora que o mundo está convulsionado em guerra e considerando que o EGC nasceram propondo a ESCOLA SUPERIOR DE PAZ ao invés da Escola Superior de Guerra, FORÇAS AMADAS no lugar das Forças Armadas, está na hora de pensar no futuro”, conclama Tendler. “Por algum tempo ficamos presos às pautas semelhantes a tantos movimentos e organizações que existem e que em quase todas e todos essas pautas são motivo de militância. Vamos tentar sair do nosso quadrado e alcançar o futuro”.

João Cézar de Castro Rocha é professor titular de Literatura Comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É Doutor em Letras pela UERJ (1997) e em Literatura Comparada pela Stanford University (2002), pesquisador 1D do CNPq e foi Presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC, 2016-2017). Seu trabalho foi traduzido para o inglês, mandarim, espanhol francês, italiano e alemão. Autor de 13 livros, entre os quais Guerra Cultural e retórica do ódio. Crônicas de um Brasil póspolítico (Editora Caminhos, 2020).

Márcia Tiburi é uma filósofa, artista plástica, professora universitária, escritora e política brasileira. É autora de obras importantes do pensamento crítico contemporâneo, tais como Complexo de vira-lata (Civilização Brasileira, 2021), Feminismo em comum: para todas, todes e todos (Rosa dos Tempos, 2018), Ridículo político: uma investigação sobre o risível, a manipulação da imagem e o esteticamente correto (Record, 2017) e Como conversar com um fascista: reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro (Record, 2015). Atualmente leciona na Universidade Paris 8 e se dedica à literatura e às artes visuais.

Barbatuques é reconhecido mundialmente pela música e percussão corporal. O grupo estará no encontro com Marcia e João Cézar para mostrar que a arte transforma e torna o mundo mais bonito. A música do grupo é produzida apenas com o corpo: palmas, estalos, vozes, pés e diversas outras técnicas que criaram, resultando em uma sonoridade singular e impactante.

No palco, o Barbatuques traz um show com repertório especial, que circula por todos os trabalhos já lançados pelo grupo. Clássicos dos primeiros discos como Baianá (hit que ganhou o mundo), Barbapapa´s groove, Carcará e Baião Destemperado, juntam-se ao repertório mais recente que traz músicas como Ayú, Skamenco, Kererê e Você Chegou (Rio 2). Um apanhado rítmico que representa a sonoridade do grupo desde a sua criação. O grupo se apresenta pelo mundo, fazendo shows para todos os públicos, oficinas e atividades pedagógicas para perfis variados e projetos para crianças.

A ARTE E A CULTURA SÃO O NOSSO TERRITÓRIO

Hoje é dia Nacional da Cultura e só temos a comemorar. Seguimos vivos, lutando por um mundo melhor. Nada pode irritar mais um fascista que a felicidade alheia e nós estamos aqui para provocá-los.

A arte e a cultura são nosso território de ação e mesmo durante a difícil travessia da pandemia os artistas uniram-se para enfrentar o demo e de suas legiões de cultuadores do mal.

Rompemos as barreiras da infâmia, denunciamos “rachadinhas”,  “off shores” e outras mumunhas mais.

Eles não nos calaram e hoje, em nosso dia, frente aos desafios da reconstrução de um país desmantelado, dizemos “presentes!”.

Nós, com filmes, canções, peças de teatro, esculturas, livros, continuaremos lutando por um   mundo melhor e a ABI, Associação Brasileira de Imprensa, continuará dando voz e palanque aos que lutam o bom combate.

Os jornalistas são os irmãos siameses dos artistas e caminhando juntos derrotaremos o fascismo e todos os liberticidas que querem impor a dor como forma de viver.

No dia 5 de novembro de 2021 diante do regime necrófilo, proclamamos, citando Oswald de Andrade   que a “Alegria é a prova dos nove”

Texto Silvio Tendler.  Premiado cineasta carioca foi o principal motivador na criação dos Estados Gerais da Cultura. Tem as três maiores bilheterias do documentário brasileiro – “Os anos JK – Uma trajetória política”, O Mundo Mágico dos Trapalhões” e “Jango” – , além de 60 prêmios, entre eles seis Margaridas de Prata – C.N.B.B e o Prêmio Salvador Allende no Festival de Trieste, Itália, pelo conjunto da obra.

Publicado originalmente na Associação Brasileira de Imprensa, parceira do EGC

Uma pausa para reformular

Nascemos para confrontar um governo terraplanista. Nossa bandeira era a recriação do Ministério da Cultura, talvez o menor dos ministérios em termos de custo para a Nação, menos de 1% do orçamento geral, mas que rende bilhões em percentual, considerando a criação artística, a formação dos jovens e mesmo emprego e renda. Doce de leite e usufruto da vida não se fala.Vivemos uma era tão financeirizada que para justificar o apoio às atividades artísticas e culturais são obrigados a justificá -las como “economia criativa”.

Formamos uma trupe ampla, plural e abarcativa. Livres em suas militâncias individuais, plurais na prática das inquietações temáticas. Começamos discutindo entre nós, nosso destino coletivo, fomos para o Artigo 5º da Constituição e  caminhamos pelo Brasil afora mapeando nossa riqueza Cultural como saltimbancos enfrentando o dragão da maldade, que em sua fúria assassina ceifou mais de 600 mil vidas . No reinado de Caronte somos os arquitetos de um novo projeto de desenvolvimento.Estamos no momento de darmos uma parada, um freio de arrumação. Semana passada, anunciamos. Hoje agradecemos a todos os que de alguma forma participam dos Estados Gerais da Cultura, os que nos emocionaram e se emocionaram conosco, nossa gratidão. 

Os historiadores não trabalham com o acaso na história, nem com destino mas quis o destino que encerrássemos a primeira fase dos  Estados Gerais no dia do Saci, essa  emblemática figura da cultura  brasileira, símbolo da nossa Escola  Supeior de Paz e, não por acaso temos entre nós um dos maiores especialista em Saci que  quando o convidamos para a palestra de encerramento estava organizando sua coleção de Sacis.Hoje nosso Bon Meihy poderá falar sobre tudo isso. Se esse acaso não terá sido mais uma que o Saci aprontou com ele? Não reconstruímos Ministério da Cultura mas com humor e alegria estamos ajudando a construir uma outra sociedade, fiéis a nossa ideia de que “Com Arte, Ciência e Paciência, Mudaremos o Mundo”.

texto: Silvio Tendler

Pensata lida no encontro ‘Somos Todos Saci’ por Eduardo Tornaghi

40 anos sem Glauber

No mês que marca os 40 anos da morte de Glauber Rocha os Estados Gerais da Cultura, em parceria com o Cineclube Silvio Tendler, propõem um debate sobre a trajetória de Glauber e seu legado ao cinema brasileiro. Uma justa homenagem ao icônico e premiado cineasta e uma maneira de revisitar o Brasil e sua história.

Allen Habbert, George Neri Varanese, Jards Macalé e Taís Freire foram convidados para falar sobre Glauber e conduzir o debate. Como de costume, nos encontros dos Estados Gerais da Cultura, o ator Eduardo Tornaghi apresenta o tema com toda a licença poética que lhe cabe para propor uma Pensata, após a abertura feita por Silvio Tendler. Marina Lutfi e João Gurgel darão o tom na música para iniciar com arte nosso debate.

O que você escolhe: A Bolsa ou a Vida

A Bolsa ou a Vida, o novo filme de Silvio Tendler. Nem o isolamento por conta da pandemia foi capaz frear a inquietação do genial cineasta, seu pensamento crítico, utopias, sensibilidade diante das desigualdades sociais que não o deixam parar de documentar, sobretudo nesse momento sombrio na história da humanidade. O seu isolamento foi apenas físico, considerando que nunca esteve tão presente e ativo no mundo virtual. Pela internet coordenou ações, entrevistou, definiu filmagens, dados, vivências, opiniões nacionais e internacionais, para denunciar um sistema genocida que valoriza mais o mercado financeiro do que a vida.

O filme é comovente e ao mesmo tempo um ‘soco na boca do estômago’ de quem assiste, para fazê-lo acordar do marasmo ao qual se encontra e se perguntar que futuro deseja construir.

No futuro pós pandemia do novo coronavírus, a centralidade será o cassino financeiro e acumulação de riqueza por uma elite ou uma vida de qualidade para todos, com menos desigualdade? O Estado mínimo se mostrou capaz de atender ao coletivo? Como garantir a vida sem direitos sociais e trabalhistas? Em qual modelo de sociedade queremos viver?“, convida Silvio Tendler à reflexão.

Os entrevistados mostram a realidade nua e crua. Emocionam inúmeras vezes como o Padre Júlio Lancellotti que conta de uma família de moradores de rua e onde vivem penduraram um crucifixo num poste luz. “Apesar da miséria absoluta, eles têm fé”.

A indignação aflora quando Rita Von Hunty, professora e celebridade Drag Queen, fala que o número de bilionários no planeta conseguiriam acabar com a pobreza do dia para noite vezes sete. 

A reflexão surge quando a indígena Márcia  Mura, nos remete a ditadura de costumes e hábitos impostos pelo colonizador. Quando o  chefe do povo indígena Suruí, Almir Narayamoga, reconhece que a Terra e Água não podem ser privatizadas. A revolta é inevitável quendo o economista americano,  Jeffrey Sachs, fala sobre a fortuna de Jeff  Bezos, proprietário da Amazon, que cresceu em 2020 em 80 bilhões de dólares.

Se ficou curioso e quer assistir o documentário deve acessar o site Ecofalante . O filme estará disponível até domingo dia 22 de agosto no site.

A Bolsa ou a Vida participa da 10a  Mostra Ecofalante está concorrendo ao PRÊMIO DO PÚBLICO. 

Texto Mari Weigert. Publicação PanHoramarte

Memória, pra quê te quero?

foto via internet – incêndio no depósito da Cinemateca Brasileira em São Paulo

Vi uma foto de um depósito de bustos e estatuetas, cheio de notáveis empilhados um sobre os outros numa harmonia desarmônica revelando a desimportância para com a história do outrora presidente do tribunal, o Marechal que não foi à guerra mas obteve o grau máximo da hierarquia militar nos conchavos de gabinete, ou com o história do professor de vida ilibada que roubava as pesquisas dos alunos.

Fui passear um domingo de manhã na feirinha do vão do MASP e vi condecorações vendidas como chapinhas de garrafa pelas famílias de entes queridos que, depois da morte do patriarca, transferiram o foco dos interesses e do amor para a poupança, jóias ou títulos de propriedade de terras.

Até mesmo louças e pratarias podem ser encontradas nas lojas de antiguidade. O valor sentimental cede espaço para a cobiça de valores materiais.

E quando esse titulo de valor material é representado por direitos autorais de obras geniais que tornam-se propriedade de um sobrinho neto que nunca se relacionou com o criador e senta em cima da obra negando acesso e usufruto à coletividade?

Reflexão: Silvio Tendler.

Cinema e educação no Brasil

Ao alcançar a marca dos cinquenta encontros, os Estados Gerais da Cultura(EGC) realizam com o Fórum Brasileiro do Audiovisual (FBA) um debate memorável com mulheres cineastas e produtoras sobre cinema como recurso didático para formação cultural, social e artística nas escolas e na comunidade. “Vamos falar de cinema sob um outro olhar, que não é aquele do artista, do fazedor de cinema, mas pelo olhar do formador através do cinema”, afirma o cineasta Silvio Tendler. “Será um debate muito rico e gostei muito que tenham procurado os Estados Gerais da Cultura para realizarmos juntos esse encontro”. Tendler integra os dois movimentos culturais e falará na abertura.

O Fórum foi criado pela cineasta e produtora Solange Moraes e agrupa grandes nomes na criação de filmes de todo o Brasil, tanto os mais antigos como os mais novos, entre eles estão Silvio Tendler, Orlando Senna, Rosemberg Cariry, José Araripe, assim como cineastas videotivistas, pesquisadores e professores. “Será encontro de mulheres do cinema, destacando a presença preciosa de Marialba Monteiro – uma das fundadoras do projeto chamado Cineduc, que se dedica a ensinar cinema nas escolas”.

A apresentação musical deste domingo será por conta de Isabella Rovo, artista candanga e uma grande mobilizadora cultural.

Cynthia Alário

Educadora social e empreendedora cultural. Em 2002 fundou a Brazucah, uma produtora especializada na difusão do cinema brasileiro pelo Brasil e pelo mundo. Atualmente coordena o CINESOLAR – um cinema itinerante movido a energia solar e integra a Rede Internacional de Cinema Solar. Viaja pelo país realizando oficinas de produção audiovisual e alegrando as pessoas com a magia do cinema. É formada em Comunicação Social na USP e pós-graduada em Transdisciplinaridade e Desenvolvimento Integral do Ser Humano pela UNIPAZ/SP. Naturopata, desenvolve um trabalho de resgate dos saberes populares da manutenção da saúde através das manifestações artísticas e culturais. Facilitadora da Metodologia de Educação para a Paz desenvolvida por Pierre Weil.

Solange Souza Lima Moraes

Produtora, graduada em Cinema pela Universidade Federal da Bahia – UFBa. Baiana, é sócia da Araçá Filmes, produtora com mais de 40 filmes, entre curtas, documentários e longas metragem. Possui mais de 30 anos de experiência com cinema e audiovisual. Seu mais recente lançamento, o longa Longe de Paraíso (2020) dirigido por Orlando Senna, acaba de ganhar o prêmio de público como Melhor Filme no Festival de Brasília.

Foi presidente da Associação Brasileira de Documentaristas – ABD Nacional, entidade que existe nos 27 territórios brasileiro, membro titular do Conselho Superior de Cinema, nos governos 2008/2012, do Conselho Nacional de Políticas Culturais – CNPC e do Conselho de Cinema da Secretaria do Audiovisual – SAV. Atualmente, finaliza dois longas: A Pelé Morta, rodado no Brasil e na América Latina, previsto para 2022 e Nina, rodado em Salvador, previsto o lançamento para outubro de 2021. 2022.

Marialva Monteiro

Graduada em Filosofia pela PUC-RJ e Mestre em Filosofia da Educação pela Fundação Getúlio Vargas-RJ. Curso de Extensão em Crítica Cinematográfica na ASA–Ação Social Arquidiocesana/PUC-RJ.
Fundadora e atual presidente do CINEDUC, entidade que trabalha há 46 anos com o uso da linguagem audiovisual no processo educativo.

Coordenou o projeto Sessão Criança no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB-RJ e fez a curadoria da Mostra Geração do Festival do Rio desde 1999 até 2007.
Coautora do livro Cinema: uma janela mágica, com Bete Bullara, sobre linguagem cinematográfica, destinado a jovens, (terceira edição em 2015). Coordenou a realização do vídeo didático Cinema para Todos (50 min) sobre a linguagem cinematográfica com patrocínio do Fundo Nacional de Cultural com distribuição gratuita para universidades e centros culturais e o programa Olho Mágico, veiculado pela TV Educativa.

Escreveu o argumento e acompanhou a produção da série A Trama do Olhar, Para o programa TV Escola. Participou como jurada em vários festivais infanto-juvenis na América Latina (Bolívia, Venezuela, Uruguai, Argentina), na Europa (Bulgária, Polônia, França, Rússia) e Índia. Jurada e curadora da seleção de curtas do FECIBA – Festival de Cinema Baiano em Ilhéus, BA de 2013/16.

É membro da Câmara Setorial do Audiovisual do Conselho Municipal de Cultura de Ilhéus, BA já no segundo mandato. Curadora em 2011/14 da Mostrinha de Cinema Infantil de Vitória da Conquista (BA), organizada pela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Marineti Pinheiro

Jornalista, Escritora e Cineasta, formada em Direção de Documentário pela Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antônio de los Baños/ EICTV (Cuba), dirigiu filmes de curta, média e longa metragem premiados nacionalmente, publicou dois livros sobre cinema pela Editora da UFMS, realiza curadoria para Festivais Mostra de Cinema no Brasil e no exterior, é professora na Faculdade Novoeste. Atualmente trabalha na formação audiovisual de jovens realizadores da etnia Guarani Kaiowa através do Kuñangue, e coordena (desde 2015) o Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS de MS) onde desenvolve atividades de formação, difusão e promoção na área da fotografia, música e, principalmente, Cinema e, em 2019, recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro, do IBRAM, ação educativa, pelo curso de documentário “MS 40 anos em Histórias Cinematográficas” em parceria com TVE Cultura de MS.

Renata Semayangue

É produtora de cinema e audiovisual com mais de 20 anos de experiência. Já trabalhou em diversos filmes longa- metragem, curtas e séries. É fundadora da produtora independente Cinepoètyka, que fica em Lençóis, na Chapada Diamantina, gestora do Cineclube Fruto do Mato – cinema para todas e diretora de produção da ELA – Escola Livre Audiovisual da Chapada Diamantina.

Ana Bárbara Ramos

É cineasta, educadora e gestora de projetos especializados na área de cinema e educação. É mestre em Letras e graduada em Comunicação Social pela UFPB, e cursa a especialização em Educação Transformadora: Pedagogia, Fundamentos e Práticas, na PUCRS. À frente da Semente – Escola de Educação Audiovisual desde 2014, desenvolve práticas educativas com o audiovisual em instituições escolares e culturais. É professora do Cearte – Centro Estadual de Arte da Paraíba, desenvolvendo ações de arte para o público infantil e na formação de professores. Integrante da Rede Kino – Rede Latino-americana de Educação, Cinema e Audiovisual e do Núcleo de Educação Transformadora da Paraíba.

Caliban. Cinema e Conteúdo

É na Caliban, cinema e conteúdo que encontramos informações sobre a trajetória do cineasta Silvio Tendler e sua produção cinematográfica. A grande maioria disponibilizada gratuitamente em seu canal no Youtube. Quando o cineasta fez o chamamento para o despertar de intelectuais, profissionais de cultura, e todas as pessoas que amam a arte, a empresa veio junto como parceira dos Estados Gerais da Cultura.

A Caliban Produções Cinematográficas LTDA é uma empresa multimídia, produtora e distribuidora de cinema e vídeo, especializada em filmes históricos de cunho social. Criada em 1981, já produziu cerca de 80 trabalhos, entre curtas, médias e longas-metragens em formato documental e vídeos, além de séries para a televisão e filmes com fins culturais e institucionais. Entre os importantes filmes sob sua produção destacam-se “Jango”, de 1984, que arrebatou a segunda maior bilheteria da história do documentário brasileiro, levando aos cinemas 1 milhão de espectadores, recebendo o Troféu Margarida de Prata – C.N.B.B., e diversos outros prêmios, dentre eles, o de melhor filme do Júri Popular e melhor trilha sonora do Festival de Gramado do mesmo ano; “Glauber – O filme, labirinto do Brasil”, que recebeu o Prêmio de melhor filme pelo júri popular e pelo júri da crítica do Festival de Brasília, em 2003, e participou da Seleção Oficial Hors concours do Festival de Cannes; “Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá”, de 2006, vencedor do Festival de Cinema de Brasília e ganhador do prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Documentários Santiago Álvarez in Memorian, em Cuba, em 2007; “Utopia e Barbárie”, de 2009, que recebeu o Prêmio de Melhor direção e Melhor montagem no 4º Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino e menção honrosa no Festival Internacional Santiago Alvarez in Memorian; “Dedo na Ferida” , premiado no Festival do Rio 2017 como melhor filme eleito pelo Juri popular.  Ao longo desta trajetória, Silvio Tendler, seu diretor, recebeu mais de sessenta prêmios, dentre eles seis Margaridas de Prata – C.N.B.B e o Prêmio Salvador Allende no Festival de Trieste, Itália, pelo conjunto da obra.

A produtora possui, ainda, um dos maiores acervos particulares de registros históricos em película (16 e 35mm) do país, com cerca de 80 mil títulos que documentam mais de meio século de história do Brasil e do mundo, além de milhares de horas com registros e entrevistas de personalidades nacionais e estrangeiras realizadas ao longo das últimas quatro décadas.

Destruição do Brasil por Silvio Tendler, no Canal do Conde

A viralização do manifesto Vida Acima de Tudo, com mais de 140 mil assinaturas de pessoas das mais variadas classes sociais, de cidadãos comuns a personalidades de renome, provocou reações em todo Brasil. A entrevista de Silvio Tendler, ao Gustavo Conde em seu canal no Youtube, com mais de 43 mil seguidores, conta um pouco de como foi produzido o manifesto.

Entre as melhores frases de Tendler nesta entrevista imperdível selecionamos algumas:

“Cem mil brasileiros, em 24 horas, reagiram contra este processo predatório de degradação da vida no Brasil.”

“Os mortos não têm pátria e os genocidas jamais serão perdoados”.

“Toda uma coletividade despertou para vida. A gente pode lutar e deve lutar”.

“É surrealista! O Brasil com 260 mil mortos e nada abalou a Bolsa de Valores, o cassino financeiro. Mas o anúncio da inocência de Lula fez o dólar subir. Isso é surrealista. O que é essa figura: o Mercado”.

“Precisamos gerar empregos e voltar-se para reconstrução do estado de bem estar social”.

“A esperança continua. Em plena pandemia não parei de trabalhar um dia. Continuo fazendo filme, sou diabético, cardíaco, cadeirante, tenho um pulmão só e, então, estou sentado numa mesa com computador falando com o mundo”.

“Estou preparando três filmes porque um só cansa. A Bolsa ou Vida ( Se o futuro vai ser humano e a natureza ou o cassino financeiro). Saúde tem Cura ( um filme em defesa do SUS. Um projeto antigo meu que desde 88 o elaboro, que data da fundação do Sistema Único de Saúde) História do Sindicalismo…”

“Como não dá para sair de casa, estamos fazendo um filme a partir de videos-conferências. É o cinema do possível, a estética do confinamento… Com estes três filmes já vamos construir um painel do Brasil contemporâneo”.

“Criei um movimento para reconstruir o Ministério da Cultura: os Estados Gerais da Cultura. Uma luta longa, uma luta de resistência.”

O manifesto saiu com o selo dos Estados Gerais da Cultura. É uma iniciativa de um grupo de companheiros que tem um projeto de um outro país, de um outro futuro. Com arte, ciência e paciência construiremos o mundo”.